Raimundo, Mundinho, Mundinho de Rosa, Mundinho de Luiz Mofeta, ele tinha vários nomes e todos se encaixavam perfeitamente na sua personalidade desleixada, de homem que vivia a vida sem ligar para etiquetas e sem se preocupar com o dia de amanhã.
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Para ele, tanto fazia chover como fazer sol, ter na panela uma galinha de capoeira ou um xoxa bunda furado sem mistura, o importante era viver intensamente , aproveitar o instante, degustar o momento.
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Tinha filhos, tinha mulheres, isso mesmo, mulheres, uma aqui, outra acolá, todas apaixonadas e cuidadosas, preocupadas com o seu modo irresponsável de tratar a saúde e querendo a todo custo mantê-lo vivo e forte.
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Mundinho foi meu amigo de infância. Juntos crescemos na Rua do Cancão de Princesa. Fizemos peraltices, mergulhamos nas águas escuras da Pichilinga, espiamos as mulheres se banharem entre as pedras do açude e, claro, cometemos os primeiros pecados olhando aquelas paisagens.
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Fomos clientes de Veneza, a burra de Seu Marçal, perseguimos Arlinda Doida com o seu chibiu de fogo e, mais taludos, fomos entronizados no pecado pelas santas mãos de Rita Quarto de Bode, de Toinha Baú, de Pipoca, de Pichuita, de Lourdes Branca, de Socorro Rouca, de Espedita de Aderbal e de tantas outras damas do pecado que faziam , com suas vidas fáceis, a nossa difícil felicidade.
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Depois que crescemos, procuramos horizontes, seguimos nossas trilhas, não nos vimos mais. Uma vez só, nos últimos 40 anos, nos avistamos numa festa de rua do sertão e o reencontro durou apenas meia hora de conversa.
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Ontem, em casual encontro aqui em João Pessoa, Humberto, seu filho, deu a notícia: Mundinho morreu. Bebia sua lapadinha em roda familiar, levantou-se da cadeira para pegar um tira gosto, ficou tonto, tombou e se foi.
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E eu vi mais uma vez a fila dos contemporâneos ficar menor.
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O calor tá de assar.
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Gasolina subiu. De novo.
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Manchete interesssante do WSCOM: “Governador do Rio passa mal e é internado; ao final passa bem”.
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E se passasse mais ou menos?
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Um abraço ao amigo conterrâneo Bosco Fernandes, marido da professora Angelita Torquato, que nos deixou.
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E a fila continua andando.
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E a senha, Chico Pinto?
3 Comentários
Eita, Tião Lucena!!! Tu é o “cara”. Abçs…
Tião, quando eu leio essas notícias de falecimentos de pessoas que conheci e convevi aqui em Princesa, só me lembro do meu primo ZÉ MEDEIROS, que nos deixou há 4 anos. ZÉ não podia ver uma foto antiga aqui postada e já dizia com muita graça que todos já haviam morrido.
Tião Lucena tu tem ruindade vice macho já toro até Veneza kkkkk e passou o serol em Maria doida kkkkk