Em meados de junho de 1924 a pacata Patos de Irerê vivia mais um dia sem muito o que fazer. Os desocupados de sempre cochilavam nas calçadas, a fábrica de descaroçar algodão gemia lá no baixio do major Floro e o gado pastava na capinzal que, de tão longo, se perdia de vista.
Mas nesse dia chegou um visitante inesperado que chamou logo a atenção pelo tamanho, cor e porte físico. Era um negro taludo, olhar de fogo, mosquetão nas costas e chapéu cheio de estrelas quebrado na testa. Procurava o major e seu genro. Trazia um recado de Lampião.
Antonio Augusto Feitosa, o visitante, tinha então 22 anos. Ele pertencia ao bando de Lampião e era conhecido entre os cangaceiros como Meia Noite.
O chefe levara um tiro no pé durante luta travada com a volante em São José do Belmont e pedira abrigo ao Major Floro, dono de Irerês, para se recuperar do ferimento.
O major despachou o negro com o consentimento, mas avisou que em troca Lampião não criaria problemas em seu território.
Foi a primeira visita de Meia Noite a Irerês.
Nascido em Olho D ´Àgua do casado, próximo a Paulo Afonso, Alagoas, Meia Noite ingressou no bando de Virgulino Ferreira ainda meninote. A pobreza extrema em que vivia só lhe dava essa opção. Ou virava bandido ou morria de trabalhar nos eitos da fazendo em troca de um prato de comida. (Continua…)
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