Marcos Pires
Perdi 12 amigos desde março, quase todos vítimas do Covid. Alguns deles esconderam-se em casa ou em fazendas, mas o vírus os descobriu lá. Portanto, a minha primeira lição foi a de que o “fique em casa” não é tão absoluto assim.
Absolutos são o uso das mascaras e o distanciamento. Como também muito, mas muito importante, é cuidar da nossa imunidade porque também aprendi que nenhuma futura vacina vai matar esse vírus. Ao contrário, teremos que conviver com ele por muito tempo. Então reforçar nosso organismo é fundamental. Tripliquei minhas caminhadas (hoje faço pelo menos 20 km todo dia), nado diariamente no mar e jamais deixei de fazer pilates e musculação, com meus excelentes professores Juliana Elias e Evaldo Leite tendo a paciência de me orientarem pela internet.
Outras coisas que a pandemia me ensinou fui descobrindo todo dia. Os problemas do mundo não são meus, dos meus eu cuido. Não discuto mais preços pequenos. Deixar o comerciante ganhar um pouco mais não vai me fazer mais pobre. Quem sabe com essa graninha extra ele melhora a situação de sua família?
Passei a olhar nos olhos e cumprimentar todo dia os garis, os humildes e a valorizar pra caramba o trabalho da faxineira que tive a graça de contratar, porque os empregados do flat onde moro ficaram em casa. Se eu já conversava muito, passei a conversar mais ainda. Pouco importa com quem converso; um sorriso já me satisfaz plenamente.
Não discuto mais. Se a sua opinião é diferente da minha, por favor, pode ficar com ela. E se a minha opinião lhe desagrada, por que eu vou discutir? Fique para lá, tem tanta gente no mundo querendo o mesmo que eu…. Minha vaidade com roupas que já era nível mínimo desceu a zero. Roupas velhas, porem limpas (que eu aprendi a lavar à mão e depois colocar para secar na janela, porque no meu flat não cabe maquina de lavar nem tenho varanda) todo dia. Um prazer recém-descoberto; enquanto lavo as roupas no balde a cabeça viaja ao infinito. Dia desses me peguei imitando Luiz Melodia: “Lava roupa todo dia…”.
Passei a me emocionar mais facilmente e todos os dias procuro a foto de alguns dos amigos que se foram para publicar nas minhas paginas da internet. É uma maneira de mostrar a todo mundo que eles existiram e foram bacanas. Talvez você nem tenha notado, mas nesses tempos terríveis adquirimos uma tendência a esquecer mais facilmente dos nossos mortos, mesmo os mais recentes.
Na verdade, o que de mais importante aprendi é que tenho de acordar para ser feliz todos os dias. Afinal, vai que um dia eu não acorde, né?
11 Comentários
Belo texto. Parabéns!
O trabalho caseiro é gratificante, o resultado é imediato. Parabéns pelo texto.
Isto mesmo estais no caminho certo.
Bons conselhos para reflexões.
Gosto muito de ler o que você escreve. Essa pademia ensinou muita coisa principalmente aos arrogantes aos que por possuírem uma conta bancária elevada acham que um Gari, um pedinte são invisiveis. Os que sobraram viram que o vírus não é preconceituoso levou ricos e pobres. Acredito eu que ficou a lição que tudo que acontece de bom ou ruim em nossas vidas devemos aceitar, sem dúvida foi para procurarmos ser melhores e ver quanto somos frágeis
Gosto muito de ler o que você escreve. Essa pademia ensinou muita coisa principalmente aos arrogantes aos que por possuírem uma conta bancária elevada acham que um Gari, um pedinte são invisiveis. Os que sobraram viram que o vírus não é preconceituoso levou ricos e pobres. Acredito eu que ficou a lição que tudo que acontece de bom ou ruim em nossas vidas devemos aceitar, sem dúvida foi para procurarmos ser melhores e ver quanto somos frágeis
Adorei suas liões de vida, as quais se resume em uma palavra chamada SIMPLICIDADE.
Dr. Marcos Pires é um homem generoso, além da sua inteligência diferenciada.
Sou testemunha.
Parabéns pelo seu texto.
Sou seu fã.
É válido dizer que vc está percorrendo um novo Caminho de Santiago? Agora interiormente?
❤️❤️❤️isso
Obrigado com força
Boa, Pires! Só o que a gente leva dessa vida é amar e querer bem. Viva a vida !!!