Ela se impunha pelo olhar, pelo jeito severo com que enfrentava os seus rapazes e moça. Não precisava alterar a voz para deixar sua mensagem a uma classe cheia de alunos atentos, não tanto a matemática, algoz de muitos, inclusive minha, mas pelo respeito devotado à professora.
Mas era só a capa.
Por dentro era de uma doçura inenarrável.
Eu lhe devo a pouca coisa que aprendi de matemática.
Nunca gostei da matéria e a prova é que, ao enfrentar o antigo segundo grau, optei pelo curso Clássico que me dispensava das regras de três, das raízes quadradas e das contas.
Mas Dona Mariza Diniz sempre me acompanhou, seja em razão da matéria que ensinava com maestria, ou porque se inseria entre as lembranças doces que guardei do meu lugar.
Ainda guardo na memória aquele jeito altivo, sempre a olhar o horizonte de cabeça erguida, ciente do seu valor e do seu papel.
Por isso o choque ao ver a foto que ilustra o texto, gentilmente enviada pela amiga Flora Diniz.
Dona Mariza havia envelhecido. E eu achava que sua juventude seria eterna.
Hoje ela morreu.
A notícia chocou. Pensava que Dona Mariza faria igual ao passarinho que, livre da gaiola, voou em direção ao céu até sumir e nunca mais voltou. Ela, para mim, voaria numa manhã qualquer de muito sol, sem carecer de gente velando seu corpo no caixão que a levaria à última morada.
Mas a alma, esta sim, já está ao lado do Pai, a quem serviu humildemente, sempre sob a orientação de Dona Irena, mãe cuidadosa que devotou a vida aos filhos e a Deus.
Que a sua saudade seja tão doce quanto foi sua presença entre nós.
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