opinião

  38ª Baratona

9 de fevereiro de 2020

Marcos Pires

Se você fosse muito pobre, se seus filhos frequentassem escolas públicas e estivessem lá muito mais para aproveitar a rala merenda gratuita do que para aprender; se sua família dependesse do precaríssimo atendimento médico que a rede hospitalar do governo oferece, será que concordaria em ver o Poder destinando preciosíssimos reais que poderiam melhorar essas situações para que uns poucos enriqueçam à custa dos tais projetos culturais que bancam tanta coisa, inclusive blocos e festas carnavalescas?

Nem vou discutir as picaretagens do ramo, as panelinhas que se retroalimentam com elogios fáceis e recíprocos. Me basta acreditar firmemente que enquanto uma única criança não puder fazer três refeições decentes por dia, enquanto o ultimo idoso penar nos corredores dos hospitais superlotados esperando atendimento, é um escarnio, um tapa na cara da dignidade e da decência dos brasileiros ver  essa sangria desenfreada do dinheiro público alimentando uma alegria passageira e fugidia de nem tantos.

É assunto que está quicando na área para um bom debate, mas…deixa pra lá, vamos ao que me move.

Herdei de meu avô Manuel dos Anjos (Piratas de Jaguaribe) e de minha mãe Creusa Pires (Bloco da melhor idade) o amor pelo carnaval. Com vistas para esse desparrame de dinheiro, criei sozinho o bloco Baratona. A ideia básica sempre foi combater a utilização de qualquer tipo de recurso público para o carnaval enquanto falta grana para urgências. A Baratona não tem hino nem estandarte, não tem diretoria nem dono, não recebe dinheiro público nem aceita patrocínio de empresas…não poderia dar certo, né?

Pois deu. Na simplicidade de uma orquestra de frevos, sem qualquer recurso eletrônico, enchemos a calçada de felicidade e amor. Jamais uma confusão, todos os anos aumentando o número de foliões, creio que estamos mostrando com alegria ao Brasil para que serve o dinheiro do povo.

Dia 15 (próximo sábado) a partir do meio dia estaremos nos concentrando em frente ao quiosque Terraço, na beira mar do Cabo Branco. Às 16.00 iniciaremos a Baratona percorrendo 42 bares até o largo da Gameleira. Seja meu convidado. Não tem camiseta nem abadá. Vá como quiser, só pague o que consumir, mas se preferir leve sua própria bebida.

E tome frevo!

Você pode gostar também

1 Comentário

  • Reply Thom Gomes 10 de fevereiro de 2020 at 04:03

    Tião só vou na baratona se tu aguentar passar ao menos no segundo bar! O Ai dento de Ivete mermo tu corresse!

  • Deixar uma resposta

    Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.