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Domingueiras do Tião

26 de junho de 2022

DE TAXI

Fazia tempo que não se via tanta gente como se viu na noite em que o taxi parou na frente da casa de Antônio Conrado e ele desceu do veículo dizendo que ia pegar o dinheiro da corrida e não mais retornou, deixando o taxista com as mãos na cabeça, condenado a retornar ao Recife sem dinheiro para botar gasolina no automóvel.

Gente assim se via nos comícios e nas missões de Frei Damião. A Rua Grande ficou lotada. Mulheres saíam de casa em trajes de dormir, homens vestiam os pijamas que os adornavam enquanto permaneciam nos braços de Morfeu, as putas do cabaré desceram do Cruzeiro somente para ver a novidade, o carro parado, a luz com o nome táxi acesa, despertando a atenção, o taxista desesperado chamando pelo cliente e Antônio Conrado calado, no silêncio e no escuro, sem dar notícia.

Contou o taxista que estava no bem bom de sua praça, tirando um cochilo depois do almoço, já pensando em guardar o carro e não trabalhar mais, porém a oferta daquele homem bem apessoado, educado no andar e na voz, foi por demais tentadora: queria que o levasse a Perdição sem importar o valor da corrida.

Solícito, o taxista abriu a porta traseira do veículo, o passageiro se acomodou e começou a viagem. Passaram por Vitória de Santo Antão, Gravatá, Bezerros, Caruaru, Belo Jardim, Arcoverde, pararam para jantar em Custódia (o taxista pagou a conta porque o passageiro estava indisposto), prosseguiram na estrada de barro que começava em Sítio dos Nunes, passava por Flores, Jericó e finalmente Perdição, a essa altura já no escuro das dez da noite, com o motor desligado pelas mãos de Zé Orestino e a cidade na maior solidão, sem um pio de coruja a perturbar a calma, sem voz de seresteiro a cantar modinhas de amor.

Assim que o carro parou na frente do estabelecimento comercial de Antônio Conrado, que era o próprio passageiro, este desceu e mandou o taxista aguardar. “Vou buscar o seu dinheiro”, avisou. Mas cadê o homem? Entrou, nem candeeiro acendeu. Só se ouviu a zoada da tramela trancando tudo por dentro, até que o taxista, cansado de esperar, começou a bater forte na porta, acordando a vizinhança e o resto da cidade.

A polícia chegou, mas não teve nada a fazer. Do mesmo modo agiram os guardas noturnos Manoel Cardoso e Seu Dezim. Alguém sugeriu arrombar a fechadura com tramela e tudo, mas quem se atreveria a comandar a invasão do domicílio? Só se fosse com ordem do juiz ou do promotor, que àquela altura se fartavam nos braços de Pixuita e Lurdes Branca, sem deixar rastros que pudessem apontar seus paradeiros.

O desesperado motorista foi salvo pela vaquinha dos comerciantes, que, penalizados, se juntaram e arranjaram alguns trocados para ele abastecer o carro no posto de Zé de Horácio, gentilmente retirado do seu cochilo noturno para abrir a bomba e atender a emergência.

E assim o homem retomou o caminho para Recife, praguejando contra o “doutor” que o iludiu dizendo-se homem rico e importante na cidade de Perdição.

Somente quando não havia mais perigo de retorno, Antônio Conrado botou a ponta do nariz na brecha da porta, mesmo assim para chamar de “corno fela da puta” o presepeiro Chico de Nêgo, que, cheio de cachaça, gritou a plenos pulmões:

– Abre a porta, Lagatão!”

 

CHICO GOIABA

E Princesa fiou mais pobre. Chico Goiaba, meu companheiro de banda e de aventuras mil, deixou esse mundo em pleno São João. Logo o São João que ele gostava de animar com suas maracas mágicas. Perdeu a guerra contra a Covid, a mesma Covid que dizem estar extinta e que, ao contrário, continua ativa e mais ativa vai ficar depois desses aglomerados juninos.

 

RAMALHO COM COVID

Mesmo tendo tomado as quatro doses da vacina, Ramalho Leite não se livrou da Covid. Testou positivo e encerrou precocemente sua participação no São João. Recupera-se em casa ao lado de dona Marta . Que retorne logo ao convívio dos amigos.

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