opinião

A BET DO MAL

29 de setembro de 2024

Por GILBERTO CARNEIRO
CONHEÇO jovens que estão afundados no vício, mas engana-se quem pensa em drogas ou álcool; são jovens que não fumam, geralmente não bebem e não usam drogas; o vício é outro: os jogos de apostas, em relevo, as apostas esportivas.
Um estudo publicado recentemente revela a dimensão do problema que autoridades públicas e sociedade não estão dando a devida atenção. Até o ano de 2016 não se ouvia nenhuma referência às BET’s; este tipo de jogo de apostas era uma realidade apenas nos EUA, na Índia e no Reino Unido. Em 2017, Michel Temer, que assumiu a presidência em circunstâncias tenebrosas com sérios indícios de sua participação em um conluio para destituir a presidenta Dilma Roussef, pública uma Medida Provisória abrindo as porteiras do país para os famigerados jogos de apostas, e surpreendentemente, naquele ano o Brasil já aparece em terceiro lugar no ranking dos países com o maior índice de apostas neste tipo de jogo,em evidência as esportivas.
E vem o ano de 2018. Bolsonaro é eleito presidente do Brasil e então o mercado de apostas dispara no país e passa a ser o país que possui o maior índice de adesão aos jogos de apostas esportivas. O envolvimento do alto escalão do governo, à época, é visceral e escancarado com os empresários do segmento, fazendo vistas grossas para a necessidade imperiosa de uma regulamentação, por não ser mais possível àquelata altura o banimento dos insidiosos jogos de apostas.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto QualiBest e a ENV Media, agência especializada na indústria de iGaming, revela que aproximadamente 38% ou 81 milhões das pessoas entrevistadas realizam apostas on-line pelo menos uma vez por semana, enquanto outros 23% o fazem quinzenalmente.
E duas consequências terríveis vem se descortinando revelando uma realidade de sangue, suor e lágrimas por trás desta controversa modalidade de diversão. A primeira consiste na estatística divulgada que um terço das famílias de baixa renda está sendo destruída por conta do endividamento no envolvimento com o mercado de apostas; a segunda, tão grave quanto a primeira, é que investigações e operações em curso, como a operação integration que prendeu o ostentoso cantor sertanejo Gusttavo Lima, apontam que o controle de organizações criminosas sobre casas de apostas está por trás de disputas territoriais, ameaças e assassinatos.
O.governo Lula avançou na regulamentação do jogo de apostas, contudo existem males que só cortando pela raiz. O ideal é a proibição  total do famigerado mercado de apostas, as malditas BET`s, na mesma lógica da proibição dos cassinos e caça-níqueis, dos jogos do Tigrinho e do Aviãozinho, considerados jogos de azar. Não há  diferença, todos estão enquadrados na mesma categoria de jogos de azar cuja natureza não sistemática não proporciona nenhum nível de seguranca aos apostadores.
É o caso das apostas esportivas. O segmento de apostas entranhou-se dentro do futebol de uma forma tão escancarada que até jogadores famosos que atuam em grandes clubes recebendo salários astronômicos foram sugados para dentro do esquema sujo, tirando todo o brilho que o futebol sempre proporcionou aos brasileiros.

Você pode gostar também

Sem Comentários

Deixar uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.