Hilton Gouveia
A Botija de Itapororoca, na Caatinga Litorânea da Paraíba, a 64 km de João Pessoa, se tornou famosa por ter virado casos de polícia e justiça envolvendo personagens vivos e mortos.
Tudo começou quando o fantasma da fazendeira Hercília Carvalho começou a aparecer insistentemente à sua sobrinha, Maria José de Melo, a quem vendera uma casa. Nas aparições, Hercília apontava para o solar e aconselhava Maria a cavar ali, e se apossar do ouro escondido, fruto das economias familiares e dos tempos áureos da aristocracia rural.
As aparições foram tantas, que Maria resolveu confidenciá-las ao marido, Antônio Fernandes da Silva, membro de tradicional família do Vale do Mamanguape.
Antônio contou a História para um compadre que era Pai de Santo. Este, arranjou quatro companheiros para ajudar na escavação. Então a botija surgiu, quando o buraco já atingia 1,50m de profundidade.
Antônio, ao avistar o achado quis pegá-lo com as mãos, mas o Pai de Santo não deixou. Disse que o ouro carecia de umas rezas de exorcismo, para não se encantar. E, com a concordância geral, levou o ouro para benzer em sua casa
O catimbozeiro passou 8 dias com o ouro em sua casa, acomodado num caixão preto, envolto em pano da mesma cor . Mas a demora dele em liberar o ouro despertou suspeitas. Antônio pressionou e o catimbozeiro acabou mostrando a ele um saco cheio de pedras calcáreas, esclareceu que aquilo era obra do encantamento .
Antônio registrou queixa policial e o delegado intimou o Pai de Santo, que fugiu com destino ao Rio. Quando se apresentou, veio com advogado. Mesmo assim ele e os companheiros acabaram presos. O ouro, num total calculado em 11 Kg, nunca apareceu.
No processo judicial de número 023199500041-2, consta que só quem permaneceu preso foi o Pai de Santo. Seus amigos foram liberados por falta de provas .
O catimbozeiro tirou certo tempo de cadeia por furto qualificado. E o processo passou em tramitação durante 12 anos, até a juíza Franciluce Rejane de Souza optar pela sentença final. Nós autos da acusação, o promotor Otoni Lima de Oliveira reconheceu como verdadeira a declaração de Antônio Fernandes e escreveu que “a vítima passou a receber anúncios paranormais de um ser informando-o da existência da botija.
A casa onde a botija foi encontrada pertenceu a um senhor apatacado , Paulo Rodrigues, membro da aristocracia rural da região.
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