Marcos Pires
Todo mundo está careca de saber que passamos um terço de nossas vidas dormindo. Ou seja, ficamos na cama 8 horas a cada noite. Será que vocês, queridíssimos leitores, já perderam um instante de suas vidas para comparar a utilização desse tempo com outros momentos? Por exemplo, quantas horas por dia vocês ficam em seus automóveis? E já pensaram quantas horas por dia vocês utilizam para trocar de roupa ou mesmo admirarem-se no espelho para saber se estão bem vestidos?
Agora sejam bem sinceros e respondam; para escolher sua cama ou mesmo seu colchão houve proporcionalidade do tempo e principalmente do cuidado dedicados à escolha do seu automóvel ou de suas roupas?
Pois é. Só me toquei sobre isso porque D. Nevinha havia encomendado uma cama de hospital dessas top do top para dormir mais confortavelmente a bordo dos seus 94 anos, porém foi pro céu antes de experimentar a tal cama, de maneira que por uma série de circunstancias eu acabei recebendo por empréstimo a cama de Dona Nevinha.
Na hora de testar coloquei meu neto Rafinha deitado e comecei a mexer nos controles. De repente a cabeceira e o final da cama começaram a levantar ao mesmo tempo e o pirralho deu um pulo. Pensou que ia virar recheio de sanduiche.
A cama é fantástica, porém tem alguns probleminhas, como por exemplo ser uma cama de solteiro. Mas aí comecei a pensar que nenhum fabricante iria produzir uma cama de casal para pacientes de um hospital, né? A menos que os internos sejam xifópagos não haveria razão. Tem a questão dos lençóis. Como me mexo demais dormindo, acordo sempre com o lençol totalmente desensacado, se é que vocês me entendem. Outra coisa é a vida útil da pilha do controle remoto. Acaba em uma semana e não tem controle manual. Estou fazendo a festa dos comerciantes do Terceirão.
Também tem o problema da assistência técnica, que simplesmente não existe. Encontrei um cara que foi mecânico de cadeiras de dentistas, o mais próximo que cheguei de alguém que entenda da tal cama. Ele chegou lá, desligou a tomada, olhou por cima, olhou por baixo, sacolejou a cama e depois de uns quinze minutos religou a tomada. A cama voltou a funcionar. Me cobrou 500 reais e de tão contente eu paguei 600 reais. Na saída perguntei a ele qual fora a técnica empregada: “- Dei sorte, Doutor!”.
Na minha idade, descobri que o que eu mais curto em camas é que tenham tomada ao lado para carregar o celular. Já está de bom tamanho.
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