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A China, a Calvário e a comunicação das esquerdas

1 de abril de 2020

Por: Aldo Ribeiro – Economista e progressista. Um sonhador.

Num mundo cada vez mais interligado, é necessário estabelecer relações entre coisas aparentemente desconexas. E acreditem: hoje nada é por acaso. Algoritmos invadem nossa timeline, e nos apresenta paraísos artificiais. Pra nos deixar com sede. Pra não nos deixar pensar. Putz, viajei. Esse tema fica pra uma outra vez.

Semana passada, enquanto cumpria meu isolamento social, resolvi sair um pouco de casa, tomando as devidas precauções, pra trocar uma ideia com a vizinhança. Eis que me chega um sujeito muito gente boa, trabalhador e cidadão de bem. Ele, sempre é muito bacana comigo, talvez por tê-lo indicado pra ser motorista da empresa em que trabalha até hoje. Nosso papo sempre fluiu muito bem.

Inevitavelmente, à certa altura, a conversa entra na seara política. Sempre respeitosamente. Percebi que ele tinha uma certa resistência em criticar o presidente, e toda essa confusão em que o país se encontra. É provável que tenha votado em Bolsonaro. Mas é isso. Faz parte do jogo democrático. Quando a coisa entra mais especificamente na pandemia, ele acusa a China de ter intencionalmente espalhado o vírus pro resto do mundo. Pergunto-lhe, baseado em quê ele afirmava aquilo. Ele me responde solenemente que recebeu via Zap. Pronto. Chegamos ao ponto central do texto.

Percebam como a extrema-direita conseguiu furar uma bolha, que até pouco tempo atrás, seria inconcebível aos nossos olhos. Um cidadão da base da pirâmide, trabalhador assalariado, recebendo compartilhamentos sobre geopolítica. Completamente falacioso. Distorcido e descontextualizado. Vira uma verdade absoluta na cabeça dele e de tantos outros. A esquerda perdeu o time na comunicação com a base. Repito o que disse em outro texto: a extrema direita se utiliza dos seus robozinhos do mau infinitamente melhor do que o campo progressista. E não quero aqui fomentar, que a esquerda se utilize dos mesmos subterfúgios que eles. Quero apenas alertar, que estamos ficando pra trás. Nossa comunicação é falha. E o vácuo dessa falha tem criado um exército de desinformados, que matam e morrem por essa turma que está no poder. Bolsonaro sairá mais cedo ou mais tarde. Mas a semente do fascismo e da ignorância já foi plantado. Isso é um problema sério.

A China, pra quem não sabe, recebeu em outubro de 2019, os Jogos Mundiais dos Militares. Advinha aonde? Whuan, cidade onde foram divulgados os primeiros casos do covid-19. A equipe dos EUA participou com cerca de 300 militares de carreira. Todos na ativa. Nessa mesma época, os EUA fizeram uma espécie de simulação de ações protetivas para uma eventual situação de pandemia. Essa sucessão de coincidências talvez não queira dizer nada. Mas são fatos. Pode conferir se tiver dúvida. Esse é o jogo, meus caros.

Alguém pode se perguntar: e o que a operação calvário tem a ver com essa história? Tudo. Assim como a Lava Jato. Obviamente em dimensões diferentes. Mas com um mesmo objetivo. Destruir reputações, invadir o inconsciente coletivo da população, e incutir nela a sua narrativa.

Vejam o modus operandi aqui na PB. Blogs e portais disseminaram um punhado de notícias falsas, e mesmo depois de desmentidas, não tinha mais volta. Aliados aos grandes veículos de comunicação, e a membros de instituições que deveriam supostamente prezar pelo contraditório, ampla defesa e apresentação de provas, conseguiram criar um clima de julgamento antecipado. Chegou na base. Em seu Zé e Dona Maria.

Li os artigos da Amanda, esposa do ex-governador. Textos muito bem escritos, sensíveis e que mostram o outro lado da história, até então desconhecida do grande público. Acredito que ainda é desconhecido do cidadão da base.

Sim, é uma luta árdua. Forças obscuras, agora nem tanto, agem na espreita. Mas a reação deve começa pela comunicação. Chegar às massas novamente, é o desafio.

E quanto ao “putz, viajei” do primeiro parágrafo do texto, esqueça. Tudo se interliga, por mais que não faça sentido. Reitero: nada é obra do acaso.

“As coisas mudam de nome, mas continuam sendo religiões”.

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1 Comentário

  • Reply Angela 2 de abril de 2020 at 06:52

    Pois eu acredito que, apesar do seus exércitos de robôs virtuais, eles próprios estão criando as condições para a sua destruição.

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