A campanha de prefeito mais acirrada que João Pessoa conheceu foi a de 1985. Marcus Odilon, três vezes prefeito de Santa Rita, enfrentou o ex-deputado Carneiro Arnaud. Marcus era apoiado por Tarcísio Burity e, Carneiro, por Wilson Braga. Eram Marcus e Burity sozinhos e Carneiro Arnaud, Wilson Braga e o Governo do outro lado. Ao lado de Odilon também cerrou fileiras o deputado Antonio Augusto Arroxelas. Davi e Golias se repetiam na Paraíba e quase que Davi ganhava. Não ganhou porque melaram a eleição.
Em 1985 não havia urna eletrônica. O eleitor votava naquelas urnas de pano, onde depositavam as cédulas. Terminada a votação, as urnas eram recolhidas e levadas para o Clube Astréa, onde se apuravam os votos. Foi nesse percurso que Marcus Odilon perdeu a eleição. As urnas foram transportadas nos ônibus da Etur do finado Abelardo Azevedo, eleitor de Carneiro, seguidor de Braga e temeroso da eleição de Marcus porque este, durante a campanha, prometera acabar com o reinado de Azevedo, até então o manda-chuva dos transportes na Capital.
No meio do caminho, por um desses milagres da magia eleitoral, os votos de Marcus Odilon foram trocados nas urnas e Carneiro ganhou. Foi um ganhar sem gosto, o povo triste, só festejando a vitória aqueles que viviam engabelando os dinheiros do Estado, generosamente distribuídos pelo então governador.
Lembro bem do caso de conhecido jornalista, que trabalhou como presidente de mesa receptora. Ao término da votação, levou a urna para casa e só a devolveu ao TRE no dia seguinte. Esse coleguinha era eleitor de carteirinha de Carneiro e de Wilson Braga.
A campanha de 85 foi muito bonita. Marcus Odilon e Burity sozinhos reuniam multidões. Sindulfo Santiago, coordenador de comunicação (e de falação) da candidatura de Marcus foi dormir na véspera dizendo-se eleito. Um grupo de jornalistas formado por Euflávio, Verber e eu, entre outros, trabalhava no comitê de imprensa e tinha absoluta certeza da vitória. Foi uma frustração total, como frustração total foi a administração de Carneiro Arnaud como prefeito. O Carneiro foi tão medíocre que depois da Prefeitura acabou-se politicamente. Nunca mais elegeu-se a nada de importante.
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