opinião

A FEITICEIRA

12 de julho de 2020

 

FRUTUOSO CHAVES

Uns sopros de saudade me invadem a sala. Vieram, nesta manhã, com uns ticos de Sol. De repente, a lembrança do meu pessoal me toma por inteiro. Minha mãe nos tratos da cozinha. O velho Juca, meu pai, com martelo, pregos e serrote para mais uma de suas artes de fundo de quintal. Numa delas, perdeu a cabeça do dedo indicador, para desespero de Dona Vininha.

Comigo, um ou outro irmão e uns tantos primos do interior em visita à Capital. Outras vezes, éramos nós que invertíamos o percurso, sobretudo, para as fogueiras, fogos e pratos juninos.

Este mergulho no passado, tal como agora se dá, é coisa de bruxa. Especificamente, de Samantha, a personagem encarnada por Elizabeth Montgomery em “A Feiticeira”, a série que a televisão americana espalhou, mundo a fora, nos anos de 1960 e 70.

Revejo, agora, um desses capítulos, pelo Canal Viva, da NET. Como sempre, Samantha tenta facilitar a própria vida e a vida de James (Dick York), o mortal com quem casou e teve uma filha, a Tabatha, bruxa como a mãe e apta, em tenra idade, a resolver seus problemas e os do mundo com uma mexidinha no nariz.

Íntegro e decente, James tem dois grandes calos: a sogra Endora (que também possui poderes mágicos e o detesta) e o chefe Larry Tate, um publicitário inescrupuloso de quem é empregado.

Por amor, Samantha encara, sem pestanejar, o preparo diário da comida, pilhas de pratos sujos, espanador e eventuais percalços financeiros, quando poderia se livrar disso tudo, repentinamente, em passes de mágica.

Vez em quando, comete algumas, sem que o marido veja, pois, senão, a briga fica feia. O cara deseja tudo, ali, certinho, trabalhoso, dolorido. Quer a vida dura como a vida assim é para a imensidão dos mortais. A sogra nunca o entendeu. Tampouco, eu.

 

 

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