Marcos Pires
Periodicamente os sucessivos governos que assolam o Brasil tem ofertado aos Advogados algumas oportunidades impares de ganharem o que um amigo meu, ainda antes de ser Excelência (porém sempre um excelente Advogado) chamava de bom metal.
O Presidente Sarney criou um tal empréstimo compulsório que incidia sobre a compra de automóveis, combustível e passagens aéreas. A promessa era que esses valores seriam devolvidos muito tempo depois. Os Advogados foram à justiça e zeraram o jogo. Foi um bom momento “honorariamente” falando, se é que vocês me entendem.
Já Fernando Collor foi um pai para os Advogados. Enquanto sua Ministra Zelia Cardoso de Melo dançava um bolero nos braços do também Ministro Bernardo Cabral, o povo amargava o confisco do que Zelia chamava de “atxivos financeiros”. Muito resumidamente, um belo dia os brasileiros amanheceram com suas contas bancárias congeladas, à exceção de uns caraminguás que pouco significavam. Fui dos primeiros a conseguir liminares para liberar as quantias. Muita gente procurando nosso escritório. Cobrávamos 10% do que liberávamos, afora dois casos; o desbloqueio de uma quantia faraônica originada na venda de um enorme empreendimento poucos dias antes, pelo que reduzimos o percentual enormemente, bem assim uma graça que tentamos fazer para um antigo e querido professor. É que os valores que haviam sido bloqueados no caso dele eram de menor monta. Eu e Zé Wilson (meu sócio) combinamos não cobrar honorários porque éramos seus admiradores desde os bancos da faculdade. Ele não aceitou, mas num elogio à nossa capacidade profissional exigia que fizéssemos a ação. Era um impasse. Então decidimos cobrar 1% de honorários. Tudo certo. Tudo certo? Breu com cola! Uma semana depois, liberados os valores do querido mestre, eis que começaram a chegar vários amigos dele para que também liberássemos os bloqueios de suas contas. Até aí o.k.. A bronca? Queriam pagar o mesmo percentual de 1% que cobráramos dele. Deu serviço, viu!
Já o governo Itamar deu um aumento de 28% aos militares e esqueceu os servidores civis. Foi outra festa para os Advogados.
Porém nada que se compare a “papai” Collor. Lembro que à época alguns Advogados chegaram mesmo a cogitar a construção de uma estátua em homenagem ao “benfeitor”.
Att,
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