MARCOS PIRES
Dizem que, na Grécia antiga, um popular procurou Sócrates para contar um mexerico que ouvira sobre Diógenes. Disse-lhe Sócrates: “- Antes que me digas, tens certeza de que é verdade?” O popular confessou que não tinha absoluta certeza. Sócrates então continuou: “- O que queres me dizer sobre Diógenes é uma coisa boa? Eu terei algum benefício em saber do suposto fato?” O popular negou novamente. Então Sócrates, professoralmente, disse: “- Amigo, se o que queres me dizer não é uma verdade absoluta, não é bom e não me beneficia, então por que queres me dizer isso?”.
O pobre coitado, envergonhado, retirou-se pedindo desculpas a Sócrates. Foi uma bela lição, mas por conta dela o famoso filósofo jamais chegou a saber que Diógenes “frequentava” sua mulher, se é que vocês me entendem.
Aqui na Paraíba, o gerente de um poderoso banco soube através de um amigo que a esposa estava “conspurcando o leito matrimonial” (essa foi forte, hem?). E soube com detalhes. Envenenado, colocou o revólver na cintura e partiu para o confronto. Foi um Deus nos acuda; o fofoqueiro cuidou de espalhar no ponto de cem reis, na sede do Cabo Branco e onde mais pôde, que dali a pouco haveria uma cena de sangue na capital das acácias. Só não disse quem era quem na história.
Ocorre que nada aconteceu. Os amigos do fofoqueiro passaram a cobrar dele tão delirante notícia, desmoralizando-o onde chegava. O fofoqueiro decidiu tomar as providências. Foi até o gerente do banco perguntar o que acontecera, se ele não dera o flagrante na esposa. Não sabia, porém, que o “urso” era o principal correntista do banco, de quem o gerente dependia. Por isso, quando o fofoqueiro insistiu cobrando uma atitude, o gerente, displicentemente, interrompeu: “Que besteira…foi um chifrezinho de nada”.
Ou seja, mesmo quando a fofoca é certa, dá errado; porque desmoraliza o fofoqueiro.
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