opinião

A FRAUDE 

11 de agosto de 2024

 

Por GILBERTO CARNEIRO

HOJE é Dia dos Pais. O filósofo já dizia que “ser pai é uma jornada que transcende o biológico, o tangível e o visível. É uma missão espiritual, uma responsabilidade que vai além da mera genética”. O que faz um pai ser pai não é um dia marcado no calendário, mas a essência do seu ser, manifestada em cada momento. A importância de ser pai, ou mãe, não está na genética, mas na conexão espiritual, na ligação invisível que une pais e filhos, uma ligação que não pode ser medida ou vista, mas sentida e vivida dentro de uma família, pouco importa qual seja sua configuração.

Por isso causa indignação a pergunta que não quer calar e que, de certa forma, está na boca de muita gente, quando, por conveniências políticas em tempos eleitorais, ressurgem estas situações deploráveis nos fazendo refletir sobre o seguinte questionamento:  – “O que leva duas pessoas casadas que se gostam a simular uma separação?”

Mesmo alguns procurando ignorar, a pergunta continua lá, não se cala, e em tempos recorrentes de eleições municipais, sempre ressurge na boca do povo: “Será que a ambição pelo Poder pode ser mais forte do que a harmonia conjugal ao ponto de incitar na mente de um casal a execução de um plano macabro simulando uma separação com o propósito de ludibriar a justiça eleitoral”?

Seja aqui na Paraíba, Bahia, Pernambuco, São Paulo ou Espírito Santo, fatos envolvendo separações simuladas em tempos de eleições municipais sempre surgem como forma de tentar ludibriar a justiça eleitoral. Agem assim com o propósito deliberado de afastar a inelegibilidade do candidato ou candidata inelegível por força da relação de parentesco com o atual mandatário do município em disputa, a chamada “inelegibilidade reflexa”.

É um fato vergonhoso sob o ponto de vista bíblico, moral e legal e que precisa ser combatido com todo rigor pela Justiça eleitoral, pela sociedade civil organizada e pelos próprios eleitores, vitimas maiores desta fraude, desta ignomínia.

Sob a profetização das escrituras sagradas o casamento é um sacramento e assim se manifestou Jesus Cristo: – “Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne” (Mateus 19:5,7). O casamento é a mais importante parceria que fazemos nas nossas vidas — é um relacionamento que tem significado duradouro e eterno.

Sob a ótica filosófica da moral Eduardo Vicentini de Medeiros com uma pitada de humor escreveu sobre o casamento a partir de uma visão filosófica reunindo dez ensaios curtos sobre defesas e ataques dos quais o matrimônio foi alvo entre os séculos 13 e 20. Como ponto de partida, o autor apresenta as principais ideias publicadas por filósofos, começando por clássicos como São Tomás de Aquino,John Locke, Jean-Jacques Rousseau, Emma Goldman e Bertrand Russell, chegando, enfim, ao capítulo final, com Chambers, e o faz em sua obra prima: “Até que a razão os separe”. Fazendo um trocadilho com o título literário com as situações concretas de simulações matrimoniais para fins eleitorais o adequado seria: “Até que a ambição os separe”. É o vale tudo para perpetuar a oligarquia familiar no Poder, mesmo que isso custe ofender a Deus, contaminar a relação com os filhos, enganar a sociedade e ludibriar os eleitores.

Sob a esfera legal considera-se inelegibilidade o impeditivo imposto pela Constituição Federal, ou ainda pela legislação infraconstitucional, em que o exercício da capacidade eleitoral passiva do cidadão fica suspensa por determinado período de tempo, não podendo ser votado para qualquer cargo eletivo enquanto perdurar os efeitos da inelegibilidade. Exemplo típico é o genro estar impedido de ser candidato a prefeito de uma determinada cidade pelo fato da sua esposa ser irmã do prefeito atual do respectivo município.

E o que fazem muitos para tentar driblar este impeditivo? Simulam uma separação, geralmente às vésperas do fim do primeiro mandato. Existe uma cidade na Bahia em que o genro simulou uma separação no dia 31 de dezembro de 2020, ou seja, no último dia do primeiro mandato do atual prefeito, seu sogro, e depois para manter a convivência às escondidas construiu uma casa vizinha à da esposa com uma porta de interligação entre as paredes que dividem as duas residências.

Hoje é o Dia dos Pais, e fico refletindo com muito pesar sobre a reação dos filhos ante a atitude espúria dos pais em situações como esta. Que a justiça eleitoral aja com o rigor necessário para coibir essa prática nefasta, nociva, maléfica e perniciosa.

 

 

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