Debaixo da sombra do juazeiro, o garoto Pilão Deitado contava para os companheiros de dormência pós almoço a sua triste história.
Filho único de uma família de nove moças, sentia nos ombros a responsabilidade pela guarda da família depois da trombose que deixou seu pai prostrado em cima de uma cama.
Garoto esperto, ganhara do patrão o posto de vaqueiro por conta das demonstrações de habilidade no lombo do cavalo e do destemor com que enfrentava os espinhos de jurema preta no tanger das vacas desgarradas.
A vidinha corria mansa, até que aconteceu.
O pai d`égua do filho do patrão infelicitou Jandira, sua irmã caçula.
A menina apareceu buchuda e atrás dela a ordem do patrão para desocuparem o casebre.
E nada de reparo ao erro cometido pelo insaciável sedutor.
Ainda teve o topete de cobrar providências ao pai, mas dele escutou a sentença:
-Quem tiver suas éguas que prenda, pois o meu “pordo” está solto.
-E o que voimicê fez -, perguntou Azulão, curioso.
– Embosquei ele na estrada deserta, amarrei os braços dele, levei para a beira do rio, onde já esperava a gente uma panela cheia pela boca de sebo quente e derretido. Fiz ele beber o sebo todo e depois mandei entrar na água.
-Oxente, só isso? -, espantou-se Azulão.
Ao que Pilão Deitado, pitando o cigarro de fumo, rosnou com um sorriso nos dois cantos da boca:
-O bom foi ver como ele ficou depois que o sebo qualhou no bucho.
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