No começo do século passado uma peste se abateu sobre a vila de Princesa e matou metade da população. A outra metade foi salva pelo médico cearense Ildefonso Lacerda, que ganhou, como recompensa, várias punhaladas nas costas e tiros de bacamarte. Morreu no meio da rua sob as vistas do juiz, do promotor e do vigário.
Não sei porque comecei essa conversa contando essa tragédia de Princesa. Na verdade vim aqui falar do Coronavirus. É o assunto do momento em Oropa, França e Bahia.
Veio lá do oriente, onde matou cinco mil, invadiu a Europa, chegou aos Estados Unidos e começa a mostrar a cara no Brasil. O povo está sendo aconselhado a se trancar em casa, evitar reuniões, igrejas, shoppings e campos de futebol. O Ministério da Saúde adverte: “Sair de casa pode trazer problema”.
Mas aí começa a bagunça. O Ministério é subordinado a um presidente que desautoriza a fala do seu ministro. Ele próprio, com suspeita de contágio, vai pro meio do povo apertar mãos e fazer selfs. Se tiver o virus, passou para um monte de gente.
Se voltássemos à vila de Princesa, o ministro da saúde seria o Ildefonso e o presidente, seu algoz. Ah, agora cheguei onde eu queria chegar. Tanto lá como cá a história se repete, uns lutam para debelar o virus e outros para alastrá-lo.
Só que, desta vez, o vigário foi substituído pelo bispo da Igreja Universal do Reino de Deus.
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