Memórias

A INVASÃO DO CASARÃO DOS PATOS E A VINGANÇA DE MARCOLINO

16 de julho de 2020

No dia 22 de março de 1930 o sargento Clementino Quelé, comandando 100 soldados da Polícia Militar da Paraíba, invadiu o Casarão de Patos de Irerê, fazendo reféns a mulher de Marcolino Pereira, Xanduzinha, e outras mulheres e crianças.

A ação da polícia foi autorizada pelo comando das tropas que tentavam invadir Princesa. A intenção era fazer José Pereira retirar parte do contingente aquartelado na entrada de Tavares, para ver se conseguia invadir a fortaleza do coronel.

O famoso Casarão dos Patos pertencia ao major Marçal Florentino Diniz, pai de Marcolino .

Marcolino estava na trincheira de Tavares quando soube da invasão da sua casa e do consequente rapto de sua mulher.

Com autorização do coronel, que era seu tio e cunhado ao mesmo tempo, pois José Pereira havia casado com Alexandrina, irmã de Marcolino e por conseguinte sobrinha do esposo, juntou mais de 100 homens e seguiu em marcha batida para o povoado dominado.

Chovia forte. O canavial que circundava o casarão era um lamaçal só. Lá dentro, Clementino e seus homens aguardavam resposta a uma mensagem enviada ao comandante Severino Procópio, sobre o que fazer com os reféns. As mulheres permaneciam trancadas num dos cômodos da residência, enquanto os soldados espalhavam-se pelo amplo salão, bebendo, fumando e jogando baralho.

Ao primeiro tiro e gritos de “morra macacada”, sucederam-se centenas de estampidos. De repente o  silêncio do pé da Serra do Pau Ferrado foi quebrado por tiros de fuzis. Parecia a trovoada que vem com a chuva forte nas quebradas sertanejas.

A tropa de Marcolino avançava e a tropa de Quelé ficava cada vez menor graças ao número de cadáveres espalhados pelos cômodos do velho casarão. A certa altura Clementino virou-se para Xanduzinha e jurou: Se escapasse daquilo, nunca mais perseguiria família de Zé Pereira.

Como a coisa estava ficando cada vez mais difícil e a tropa estava quase sem munição, o sargento Clementino ordenou a fuga. Correram pela porta dos fundos e se embrenharam no canavial, sendo caçados de perto pelos cabras de Marcolino.

Ao final da peleja foi feita a contagem: 22 soldados mortos e o restante espalhado pelos matos, sem rumo e sem destino.

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