A MIÓRA DA MORTE

Não posso falar do bucho do presidento porque o meu também está grande. Só que o dele está maior. E cresceu muito depressa. Vai ver deu ar na bomba do Carrefeur e esqueceu de soltar um cheiroso na hora de ir pra galera. Isso acontece. Para peidar basta ter o “decumento”, já dizia o infinito Luiz de Zé Vermelho.

Esse povo é muito observador. Logo cedo minha amiga Hermengarda de Filipéia Travassos ligou pelo zapzap pra comentar :

– Visse o abdome  do homem?”

Eu fiz que não entendi e ela baixando o nivi:

-O bucho dele!”

Juro que não tinha prestado atenção. Domingo eu dormi depois do almoço sob os efeitos de uma cachacinha ingerida com caldo de feijão e quando acordei só pensava em tirar a remela dos olhos. Mas depois de Hermengarda abordar o assunto peguei a assuntar a coisa, abri o computador, vi as fotos, vi o vídeo e realmente achei tudo muito acrescentado.

Que o presidento adora uma favada, disso eu sei. Quando ele esteve aqui Padre Albeni tentou leva-lo à Fava do Bosco, mas aí deu zebra porque Bosco tinha falido. Albeni não sabia porque seus voos de mariposa só têm olhos para a orla marítima, onde ele costuma degustar lagosta com piaba. Mas que tentou, tentou. E o homem ficou com a boca cheia d`água.

Mas não há de ser nada.

Fiquei mais preocupado com a tosse. Ele tossia muito. E era aquela tosse seca, sem catarro, sem o rimbombar do pulmão atendendo o chamado e mandando pra fora a gosma pegajosa e amanteigada.

Segundo finado Cicero Bezerra, quando o cabra tosse seco ou está tuberculoso ou está pra estar. E Seu Cícero era medonho para fazer diagnósticos terríveis.

Como aquele que ele fez ao pé do leito de finado Belo.

Acamado em razão de uma doença fatal, Seu Belo recebeu a visita de Cicero Bezerra, que nem bem entrou no quarto perguntou ao paciente:

-Como você tá, Cumpade Belo?

-Tô melhor, Cumpade Cíço”, respondeu seu belo com a voz apagada e triste.

E Seu Cícero, sem pestanejar:

-É a mióra da morte, Cumpade Belo. O senhor tem canço e quem tem canço num escapa!”

Ainda bem que Cicero Bezerra morreu sem conhecer Brasília.