opinião

A Paraíba e seu potencial de fruticultura versus a ausência de certificação

10 de junho de 2024

 

POR RÔMULO MONTENEGRO

A agropecuária mais uma vez mostra a sua pujança, segundo a projeção do IBGE a Paraiba está entre os estados com maior perspectiva de crescimento, apontando o Agro como puxador do PIB, seguindo a mesma lógica nacional;
A cana de açúcar e seus derivados, o abacaxi e o mamão são os itens que alavancam a produção estadual e que indicam o maior potencial de crescimento considerando o seu melhor aproveitamento dentro dos elos da cadeia;
Me refiro a possibilidade de agregação de valor, melhor e mais racional aproveitamento, pois, é inegável que há um grande lapso daquilo que se produz atualmente e o que se pode ainda produzir;
A cana de açúcar tem se apresentado com várias alternativas de produtos, desde o açúcar e etanol, mais também, a produção de energia e de fertilizantes orgânicos, além de outras possibilidades já demonstradas através de estudos técnicos, inclusive, mais recentemente, o etanol de segunda geração a partir do subproduto bagaço e o metanol da vinhaça;
O abacaxi é um outro item agrícola com forte participação na produção, porquanto somos o segundo maior produtor desta fruta a nível nacional, mesmo que já tenhamos sido o primeiro no ranking, porém, fomos engolidos por ausência de um melhor aproveitamento da cadeia de produção e da sua consequente agregação de valor, porque não temos uma agroindústria compatível, como ocorre com a cana de açúcar;
O mamão também é outro produto com destacada repercussão a nível de Brasil, a ponto de sermos o primeiro lugar na produção de papaia, além do formosa, que coloca a Paraíba em primeiro lugar na região Nordeste;
E não para por aqui, porque somos ainda o maior produtor de melão orgânico da América Latina cuja origem remete ao sertão paraibano que se destaca neste item para a exportação, além da produção de banana com importante participação no abastecimento do mercado consumidor interno, produzido no brejo paraibano entre os municípios de Areia e Bananeiras;
Toda essa produção de frutas pode sofrer um grande retrocesso e ou uma limitação de expansão na melhor das hipóteses, porque lhe falta uma certificação fitossanitária que compete ao Estado da Paraíba assegurar enquanto responsável pela Defesa Agropecuária;
Os Estados de Pernambuco e Rio Grande Norte nossos vizinhos de fronteira são livres da mosca da fruta, que consiste numa certificação fitossanitária conferida pelo Ministério da Agricultura do Brasil, condição essencial para comercialização dentro e fora do Brasil;
Nesta semana, o Presidente da Abrafrutas, Guilherme Coelho, que estivera na comitiva do Vice Presidente Alckmin numa viagem de negócios à China, declarou que este país comprará as uvas produzidas pelo Brasil, sendo que a produção majoritária é feita no Nordeste;
A China é um mercado muito importante pela quantidade demandada e sem dúvidas se concretizada essas tratativas, consistirá numa grande oportunidade para alavancar a fruticultura regional, porque outros itens da agropecuária nordestinas poderão seguir o mesmo destino da uva;
Contudo, a Paraíba ficaria de fora, mesmo que fôssemos um produtor desta fruta, exatamente, porque não temos a certificação fitossanitária de área livre da mosca da fruta, vez que não foi sequenciado o processo burocrático para conquistar essa certificação e por isto, não conseguiríamos superar as barreiras quarentenarias que os países importadores impõem;
A área livre da mosca da fruta tem a mesma significância para as frutas em geral, que a área livre da aftosa tem para a produção animal, trata-se de uma referência de idoneidade do serviço sanitário para combater as pragas e doenças de monitoramento estratégico;
Portanto, apesar de sermos um importante produtor de frutas e termos relevância na produção nacional, nos falta o básico para a expansão e o efetivo crescimento da produção local, que é a certificação exigida nos melhores e mais promissores mercados compradores e que são estratégicos para o desenvolvimento da agropecuária nordestina que tem nas frutas tropicais um papel relevante e um potencial enorme de expansão;
Então, mais uma vez veremos o “cavalo passar selado” e não podermos montar, por absoluta inércia do serviço de defesa agropecuária da Paraíba.
Portanto, espero com a urgência que a situação nos impõe, sejam adotadas as providências e dado continuidade ao planejamento que se iniciará ainda em 2017, para tornar a Paraíba livre e monitorando essa praga que atinge a fruticultura e que potencializará muito a produção local!

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