Por: Aldo Ribeiro – economista e progressista
Foi histórico e emocionante. Arrebatador como bem disse Caetano. Pra quem tinha alguma dúvida sobre a desenvoltura do Lula na sabatina no JN, a resposta foi dada. Aquele jovem que não o conhecia, muito prazer, esse é o Lula. O retirante, o pobre, o semi-analfabeto e ao mesmo tempo, gênio e estadista na arte de fazer política. De chegar às massas. Sem ódio e sem rancor de quem poderia ter mil motivos pra tais sentimentos.
Várias nuances podem ser tiradas da sabatina. O pedido velado de desculpas da Globo quando o Bonner afirmou que o Lula não devia nada à justiça, as várias cascas de banana colocadas durante a entrevista, como Alckmin, Dilma, corrupção, economia, etc e tal. Não houve alívio por parte da bancada do JN. Houve um passeio de comunicação, simpatia, espirituosidade e total conhecimento do Brasil.
Nunca foi tão discrepante, tão distante duas candidaturas antagônicas. O país entrou numa onda de briga de torcidas e o principal até anteontem ficara fora do resumo. Esperança, otimismo, aquela boa nostalgia de um tempo não tão longevo. Uma mensagem de que é possível conviver com quem pensa diferente. Há dez anos atrás isso acontecia. Eu tinha minhas preferências políticas, você tinha as suas, e tudo bem. O debate sempre terminava com uma cerveja gelada e boas risadas. Bolsonaro mudou esse rumo. E aí um fenômeno mais profundo e que os livros de história relatarão. Mas resumidamente, Bolsonaro criou o bolsonarismo. Espalhou a intolerância, a intriga entre familiares e amigos, a desinformação, o preconceito e nunca, nunca sinalizou qualquer movimento em busca do diálogo, da empatia, de políticas públicas voltadas pra o combate à desigualdade. Desde o 1º dia do seu mandato se retroalimenta do ódio, da divisão e da mentira.
Não, não tem nada ganho. O Brasil continua doente. O neofascismo não acabará a partir da vitória do Lula. Será um processo de desintoxicação difícil. Mas que nos dará um norte para dias melhores. Um pauta positiva que nos colocará numa perspectiva de otimismo. Seja interno, seja externo. Seja institucional, seja o otimismo da sociedade civil.
Que nossos corações e mentes absorvam os bons ares que se avizinham. E quem ainda tem algum dúvida, reflita. Volte dez, quinze anos atrás e perceba como era o Brasil. E sobretudo como eram as relações com os amigos, com os familiares. Como era sua relação com vida.
“Zerei a vida na viola, violando a escuridão, antes tarde do que nunca, desarmei a equação, de um vida longa”.
Sem Comentários