Marcos Pires
Com certeza os queridos leitores já compraram medicamentos em farmácias e na hora do pagamento foi pedido o seu CPF para terem direito a descontos fantásticos. É comum o atendente dizer que pelo convenio tal ou pela sua idade ou ainda pelo fabricante o preço da compra vai cair substancialmente.
A jornalista Amanda Rossi disse que “o desconto (do CPF) não é real. O preço mais próximo do real é aquele que você paga depois que você dá o CPF”. Amanda exemplifica. Em agosto de 2023 foi comprar em uma farmácia da rede Raia Drogasil uma caixa com 12 comprimidos de um genérico do anti-inflamatório nimesulida que custava R$31,78 sem que ela informasse seu CPF. Depois de dada a informação o preço caiu milagrosamente para R$8,50. Ou seja, um desconto de 73%.
Só os muito crédulos podem aceitar esse desconto como sendo um presente da farmácia pelo simples fato de terem informado seus CPFs. Não dá para acreditar, porém todos engolimos isso na medida em que o desconto alivia nossos bolsos, pois não?
Mas vem cá, o que é que as farmácias ganham com essa singela informação?
É aí que a porca torce o rabo.
A empresa Raia Drogasil, que é a maior do Brasil no setor, possui uma subsidiária chamada RD ADS, contratada por anunciantes que querem direcionar sua propaganda para públicos específicos conforme as compras que fazem nas farmácias.
A própria empresa informa que 97% dos seus clientes fazem a identificação via CPF e por consequência lógica passam a compor a base de dados que a farmácia vende aos interessados.
Há quem preveja que a empresa pretende se tornar concorrente do Google no mercado publicitário.
Eu concordo com a jornalista quando ela diz que o diferencial entre o Google e a farmácia é que ela usa dados da saúde dos clientes.
Aqui cabe indagar; quando você compra o medicamento, fornece o CPF e ganha o desconto, em algum momento lhe é informado que seus dados serão comercializados? Você já deu alguma autorização para essa destinação dos seus dados?
Enquanto os dados de sua saúde estiverem sendo usados para envio de propaganda estamos no jogo. Mas existe um perigo latente nesse comercio. Espero estar errado.
1 Comentário
Marcos, já comprovei que não há desconto nenhum, fiz a seguinte experiência. A balconista me pediu primeiro o CPF, como de sempre, ao que lhe respondi, veja logo se tem o remédio, não tendo no estoque a conversa acaba aqui. Em seguida perguntei o preço, ela falou e lhe perguntei qual o desconto após fornecer o CPF, aí veio a” conversa mole”, pra esse tipo remédio não há desconto. É como eleitor abestalhado e safado, ir pedir dinheiro a político dizendo que já votou, quando não vale mais nada diante do candidato.