opinião

A SEGUNDA PAIXÃO DE CRISTO

18 de abril de 2025

 

Por GILBERTO CARNEIRO

ÀS 15 h do dia 07 de abril do ano 33 d.c. Jesus levantou um pouco a cabeça em direção  aos céus e exclamou: – “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? Em tuas mãos entrego o meu espírito”. Então expirou e tudo foi consumado. O céu escureceu, nuvens cobriram o sol e um vento varreu a terra, levantando pó. Haviam acabado de assassinar cruelmente o Filho de Deus.

Jesus foi pregado na cruz por volta das 9 00 h, suportando as dores cruéis da crucificação por seis horas intermináveis. Antes de ser crucificado, soldados desferiram 39 chicotadas, o numero máximo permitido à época pela lei judaíca, cujo chicote chamado de azorrage, foi feito com bolas de metal e pontas de osso, capaz de rasgar a pele e arrancar pedaços de carne. Para aumentar sua humilhação e dor física colocaram sobre sua cabeça uma coroa de espinhos  rasgando seu couro cabeludo e o forçaram a carregar por 600 metros um madeiro horizontal que pesava  mais de 50 quilos, durante todo o percurso do que hoje é a Via Sacra.

Seu sofrimento físico, no entanto, começou à meia noite da quinta feira Santa, no jardim Getsênami, quando verteu sangue por cada um dos poros em um fenômeno raro conhecido como “hematidrose”, produzido em condições especiais quando é necessária uma fraqueza física junto com um abatimento moral violento, causado por uma profunda emoção, por um grande medo.

O terror, o susto, a angústia terrível de sentir-se carregando todos os pecados dos homens devem ter esmagado Jesus. A tensão extrema produziu o rompimento das veias capilares que estão abaixo das glândulas sudoríparas e o sangue se misturou ao suor e concentrou sobre a pele escorrendo por todo o corpo até a terra. A descrição do seu sofrimento naquele momento foi descrito por um evangelista, que era médico, Lucas, e o fez com precisão clínica.

Mas não pensem que foram os romanos maiores responsáveis por tamanha crueldade, os líderes religiosos da época, os sumos sacerdotes e os fariseus, que viam Jesus como uma ameaça à sua autoridade e ao judaísmo literal foram os grandes responsáveis, à época, pelo flagelo de Jesus Cristo.

O sofrimento físico de Jesus começou na véspera da Sexta Feira Santa, todavia a perseguição implacável deu-se desde quando começaram suas pregações.

Seus ensinamentos eram sobre o amor à Deus acima de todas as coisas; amar ao próximo como a si mesmo para viver uma vida justa e feliz; perdoar, pois a importância do perdão e da misericórdia, tanto em relação a Deus quanto aos outros dignifica o ser humano e o exercício da humildade e da simplicidade como vetores para afastar a arrogância e a hipocrisia.

Baseou seus valores e princípios na compassividade, na compaixão e cuidado pelos pobres, doentes e marginalizados; na justiça, pois via na igualdade o nivelamento da justiça, criticando severamente a opressão e a injustiça; a fé, Jesus enfatizou a importância da fé e da confiança em Deus; o Amor incondicional, por todos, sem ver origem, classe social, cor da pele ou opção religiosa. Morreu cruelmente por causa desses valores.

 E como seria, caro leitor, caso retornasse hoje? O mundo estaria apto a aceitar seus ensinamentos e aprendido com seu flagelo cruel?  Como seria a aceitação  da  sua mensagem? afinal os valores e os princípios defendidos há mais de dois mil anos são atemporais.

 Ou sua morte seria bem mais cruel, sangrenta e covarde ante uma humanidade obcecada pelo individualismo extremo, por apego a bens materiais, absoluta falta de solidariedade, pela maldade, pela concentração de riqueza, pela falta de perdão, pela hipocrisia e volatilidade, e por total ausência genuína de amor a Deus?

 E quem seriam  os responsáveis pela segunda Paixão de Cristo?  os mesmos líderes religiosos, com uma multidão bem maior que prostrou-se em frente à Fortaleza Antônia pedindo sua morte diante de autoridades políticas lavando as mãos como fez  Pôncio Pilatos?

A reflexão é sua, caro leitor. Feliz Páscoa!

 

 

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1 Comentário

  • Reply Cláudio 18 de abril de 2025 at 19:36

    Minha reflexão é que se tanto na Primeira Paixão, como em uma hipotética Segunda Paixão, valeria à pena o Senhor Jesus se entregar à uma humanidade que não aprendeu nada, nem vale nada, tanto há dois mil anos como hoje?
    Para mim não valeu seu sacrifício, e hoje também acredito que não valeria a pena.
    Mas, fico apenas a esperar os desígnios de Deus….

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