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A União foi meu primeiro amor

6 de julho de 2021

 

Entrei para os quadros de A União em 1975, no mês de junho. Nunca tinha imaginado que um dia me tornaria jornalista. Chegara do Sertão, matuto, liso e desnorteado, os cobres do meu velho mal dando para cobrir as despesas, o cursinho pré-vestibular exigindo sacrifícios para a cobertura das mensalidades e eu a cata de um emprego, qualquer um, desde que me pagasse o suficiente para a subsistência.

Foi quando apareceu Werneck Barreto, irmão da minha amiga Ivete. Ele, já redator do jornal, o irmão Barretinho diretor-técnico, um vasto conhecimento no meio da imprensa, levando pelas mãos um brocoió de Princesa que mal sabia pegar o ônibus na Lagoa e descer no Lactário da Torre. Estavam precisando de repórter. E foi como candidato a repórter que Werneck me apresentou a Frutuoso Chaves, o chefe de reportagem. Frutuoso me recebeu com muita cortesia, perguntou se eu tinha alguma experiência no ramo, menti que fora correspondente do Jornal do Comércio, ele aceitou a mentira e me deu a pauta.

Cumpri a muito custo, redigi com certa facilidade pois dominava bem a máquina de datilografia e ele me mandou retornar no dia seguinte. Depois de uma semana cumprindo as pautas de Frutuoso e aprendendo com ele como se redigia uma notícia, finalmente fui admitido.

Minha carteira profissional foi assinada por José Souto, Superintendente de A União e por Murilo Sena, diretor administrativo. Passei a integrar uma equipe pequena: Eu, Chico Pinto, Renato e um galego do pé torto cujo nome não lembro.

Nossos sofríveis textos eram levados, ao final da tarde, para a redação do Distrito Industrial, onde eram copidescados por Rubens Nóbrega, Assis, Josemar Pontes, Werneck Barreto, Marcone Carneiro Cabral, Feitosa e pelo próprio editor, Agnaldo Almeida.

Em 78, quando casei, ainda trabalhava na reportagem. Mas, para ganhar uns extras, também trabalhava na redação. Durante o dia ganhava o dinheiro da feira. No expediente noturno, o do aluguel.

A União foi minha primeira casa. Nela encontrei régua e compasso. Ganhei conhecimento, graças a isso recebi convites para trabalhar em O Norte e no Correio da Paraíba, alcei voos até na televisão, mas nada disso teria acontecido se não fosse A União e os ensinamentos do professor Frutuoso Chaves.

Afirmo, sem qualquer temor, que nenhum jornal da Paraíba teve quadros qualificados e primou pela qualidade de seu noticiário como A União. Pelos seus quadros passaram as figuras mais brilhantes da nossa cultura. A União ensinou muita gente e abrigou aqueles que, sem ela, não teriam saído do anonimato. Quando passeio pelas suas salas e oficinas, ainda sinto as presenças fortes de Freire, de Zé Boró, de Walter Souza, de Mano, de Ferreti, de Pedro Moreira, de Dona Pequena e de outros que se foram para as redações celestiais. E bate aquela saudade no peito, a saudade que denuncia a passagem do tempo, o adeus da juventude e a chegada dos cabelos brancos. Nós envelhecemos, ela não. Parece uma menina, com cheiro de tinta fresca e jeito de quem nasceu ontem.

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2 Comentários

  • Reply Paulo Sérgio Lyra 6 de julho de 2021 at 18:59

    Belo texto, não esqueceu a quem lhe estendeu a mão. Parabéns.

  • Reply Gomes Vieira Filho 7 de julho de 2021 at 14:58

    show de texto, aqui esmeraldo irmão de cristovam tadeu, também trabalhei no jornal a união parte administrativa…

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