opinião

A verdade e a mentira

5 de abril de 2020

 

Marcos Pires

 

Minha linda neta Catarina foi quem deu o toque inicial desta coluna. Na ultima vez que nos vimos ela me propôs um enigma: “- Ô vovô, se o Pinóquio falar que o nariz dele vai crescer agora, o nariz cresce ou não?”. Ora, sabendo que Pinóquio era o boneco mais mentiroso do mundo, nem parei para pensar e afirmei que o nariz dele não cresceria, porque ele estava mentindo. “- Mas vovô, se ele mentiu, então o nariz dele cresceria, não é verdade?”. O que ela disse fazia todo sentido. E quanto mais eu desenvolvia o raciocínio aparentemente simples, mais me enrolava. Dei uma desculpa dessas de avô que não quer se deixar vencer por uma pirralha e encerrei o assunto. Mas aquilo me alertou para essa crescente onda das tais fake News  e  fui ler sobre a verdade e a mentira nesses tempos terríveis de empulhações que navegam nas redes sociais. Afinal, a mentira pode ter pernas curtas, como diz o ditado popular, mas como corre essa desgraçada.

Encontrei muita coisa, mas destaco uma parábola arretada (sugerida por Aluzimar), que fará o domingo dos meus pacientes leitores mais agradável, assim espero.

Consta que um dia a verdade e a mentira se encontraram e saíram passeando pelo campo, até que chegaram à beira de um belo lago. Como fazia muito calor, a mentira convidou a verdade para tomarem banho. Despiram-se e entraram naquela água deliciosa. Porém, enquanto a verdade se esbaldava, a mentira saiu sorrateiramente da água e roubou as roupas da verdade, fugindo em seguida.

Quando a verdade percebeu, saiu da água e pôs-se a perseguir a mentira. Correu pelo campo e em seguida entrou na cidade, onde as pessoas olhavam para ela com desprezo porque estava nua. Humilhada pelos olhares de reprovação, voltou para o poço onde desapareceu para sempre, escondendo sua vergonha.

Desde então a mentira viaja pelo mundo vestida com as roupas da verdade satisfazendo as necessidades da sociedade, porque percebeu que o mundo não gosta de encarar a verdade nua.

Há um outro final para a parábola, no qual a verdade recusa-se a vestir as roupas da mentira e até hoje anda por aí, despida. Muita gente prefere aceitar a mentira vestida com as roupas da verdade do que a própria verdade, porque ela está nua e crua.

Estejamos atentos, leitores amigos.

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2 Comentários

  • Reply Delfos 5 de abril de 2020 at 17:00

    Cacetada com porrete de algodão. Ou seria de pelica? Tanto faz! Continua sendo uma cacetada muito porreta.

  • Reply Sebastião Gerbase 6 de abril de 2020 at 07:48

    O inspirado autor dessa parábola deve conhecer de perto os bastidores da política.

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