Em 64 eu era adolescente, tinha 13 anos e, morando no sertão, ainda acreditava em papa figo. Não vi de perto a chamada revolução, tampouco testemunhei suas consequências.
As notícias que corriam por lá davam conta de uma ação redentora dos militares contra os comunistas que comiam criancinhas. Por isso passei um tempão correndo com medo de Paulo Mariano, o primeiro comunista a aparecer no sertão, barbudo e cabeludo, fugido dos homens fardados.
Somente muito depois, vendo depoimentos, lendo relatos e separando o joio do trigo, pude avaliar o tamanho do terror que se instalou no Brasil. Ainda tive a oportunidade de conhecer os dedos duros da revolução patrulhando o que poderia ser publicado ou não nas redações dos jornais. Como já disse aqui, comecei no batente em 75, debaixo, ainda, dos coturnos dos meganhas.
Não vou dizer que sofri perseguição dos comandantes da revolução, porque se o dissesse estaria mentindo. Ao contrário, gozei da liberdade concedida à boemia da época. Quem quiser conhecer detalhes dessa boemia é só ler meu livro “Nos Tempos de Jornal” que está tudo contado lá.
Mas em 88 veio a Constituinte, a Constituição Cidadã foi promulgada, o poder foi devolvido aos civis e o Brasil respirou democracia.
Uma democracia que começa a capengar com a chegada do atual presidente ao poder. Um presidente declaradamente fã do maior torturador dos tempos ruins, que desdenha do sofrimento do povo, que defende a derrubada das matas da Amazônia e que não tem pena dos mortos da Covid. Tanto não tem que, em plena pandemia, grava live pregando os malefícios causados pela máscara.
Todavia, no entanto e entretanto, o pior chegou. Um grupo de caboetas, ditos advogados, pede que se dedure quem falar mal do “mito” para eles acionarem na justiça. Os advogados de Bolsonaro estão querendo botar na cadeia quem criticá-lo. E o mais triste: esse grupo foi formado a partir de João Pessoa.
O que falta mais acontecer para que surja, neste país, uma autoridade em condições de chamar o feito à ordem e devolver aos cidadãos brasileiros o direito de ser livres e de viver sem medo?
2 Comentários
advoGADOS de fascista. nos tempos de dilma andavam com adesivo dela de perna aberta no tanque do carro. agora não querem que falem mal do biroliro alecrim dourado. devem fazer parte da farra. se quebrar o sigilo deles vi aparecer cada coisa…
Lamentável que entre esses caboetas, imbecis, tenha um advogado Princesense, radicado em João Pessoa, como um dos cabeças desse grupo.