Soube por Gilvan de Brito que ele perdeu a eleição para a Academia Paraibana de Letras.
E não fiquei surpreso.
Cantei essa bola esta semana.
Gilvan passou um mês inteiro publicando sinopses dos quarenta e tantos livros que escreveu, como forma de se credenciar à cadeira que foi de Willis Leal.
Mas eu li na coluna de um imortal que a vaga seria do procurador aposentado Eithel Santiago.
Que nem de longe amarra as chuteiras de Gilvan de Brito.
E Eithel foi o eleito.
Sem querer desmerecer o novo imortal, digo, sem medo de ser injusto, que ele não tem a mesma bagagem do jornalista excluído.
É um jurista, sim. É uma pessoa inteligente, sim. Mas eu acho que para ser acadêmico o “imortal” tem que ser escritor, poeta, homem de letras e de artes.
E, se fosse obedecer a esse quesito, o escolhido deveria ser Gilvan.
Com mais de 60 anos de batente, quase 50 livros escritos, jornalista que trabalhou e escreveu nos principais jornais do Brasil, advogado e compositor premiado, Gilvan tinha tudo para sentar-se na cadeira dos imortais.
Mas ele não tem o pedigree exigido pelos homens dos chás de jasmins.
Sempre foi assim.
Lembro que o saudoso José Florentino Duarte disputou a imortalidade com Ronaldo Cunha Lima e perdeu.
Na véspera do pleito ele dizia que conversara com todos os eleitores e eles lhe garantiram o voto.
Mas Ronaldo, que era governador, chamou a APL à Granja e depois de algumas declamações poéticas…
Mais tarde, Glauce Burity, historiadora, professora e viúva do acadêmico recém falecido Tarcisio Burity, tentou assumir a cadeira do marido e perdeu para um ex-conselheiro do Tribunal de Contas.
Biu Ramos, grande escritor e jornalista, foi rejeitado. Nelson Coelho idem.
A vítima de agora foi Gilvan de Brito, talvez o mais injustiçado de todos.
Hoje a tarde, em postagem no Facebook, Gilvan de Brito desabafou:
“PALMAS PARA TIÃO LUCENA
Palmas para o meu amigo Tião Lucena, o único a acertar no resultado da eleição da Academia Paraibana de Letras, na manhã de hoje, quando definiu em poucas palavras, com a experiência inata, o sentido daquela corporação, com as raras exceções que confirmam a regra. A vitória coube ao candidato Eithel Santiago.”
7 Comentários
Desvanecido com o seu comentário que fez uma definição perfeita do que representa a APL para a cultura paraibana. É uma pena que não tenhamos uma corporação capaz de representar com o louvor que merece, este segmento (letras). Com 140 livros escritos e mais de um terço destes publicados, além de participações noutras atividades das artes e da cultura, apresentei um acervo que se adequava a uma academia que se diz das letras. Mas não era isso que os imortais queriam. Quero agradecê-lo pelo belíssimo depoimento, que me deixa crente de que a derrota foi transformada em vitória, porque perder numa votação que vai escolher autores de letras, apresentando 140 livros escritos, não depõe contra mim. Ao contrário. Grato, meu velho amigo, colega de redações de jornais e contemporâneo do curso de Direito de 1978 a 1983. GB
É uma pena para a Academia. Gilvan de Brito tem um texto primoroso. Não devia nem ter disputado a eleição; devia ter sido convidado.
Gilvan tem.merito sim.Quando resolveu ser candidato eu ponderei que estava chegando tarde pois a APL já estava dividida em suas preferências por dois outros candidatos. E lá, diferente de outras eleições quando o eleitor dá a palavra ele cumpre.
E HAJA INJUSTIÇA
BEM, SE A PALAVRA FOI MESMO “DADA”, TUDO CERTO!
Se eu fosse um homem letrado, intelectual, escritor ou jornalista, passaria longe da APL, a academia é um antro de politicagem e para ser admitido como imortal o pré-requisito é ser “conhecido”, de nada vale os serviços prestados a cultura, a literatura ou as artes.
amigo, por favor, me consiga o e-mail do mestre Gilvan de Brito
Obg