opinião

Acidente de trabalho

15 de agosto de 2021

 

MARCOS PIRES

Meu amigo João Paulo remeteu de Lisboa essa perola de comunicação de um acidente de trabalho feita por um pedreiro português ao Tribunal Judicial da Comarca de Cascais. O conteúdo é o seguinte:
“Sou assentador de tijolos. Estava a trabalhar sozinho no telhado dum edifício de 6 andares e, ao terminar o serviço, verifiquei que tinham sobrado 250 quilos de tijolos. Em vez de os levar à mão para baixo, decidi colocá-los dentro dum barril e desce-los com ajuda de uma roldana fixada em um dos lados do edifício.
Desci ao térreo, atei o barril com uma corda, voltei ao telhado, puxei o barril para cima e coloquei os tijolos dentro dele. Voltei para baixo, desatei a corda e segurei-a com força de modo que os 250 kg de tijolos descessem devagar.
Devido a minha surpresa por ter saltado repentinamente do chão (meu peso é de 80 kg) perdi a minha presença de espirito e esqueci-me de largar a corda. É desnecessário dizer que fui içado do chão a grande velocidade. Na proximidade do terceiro andar bati no barril que vinha a descer. Isso explica a fratura de crânio e clavícula partida que sofri.
Continuei a subir a uma velocidade ligeiramente menor, não tendo parado até os nós dos dedos das mãos estarem entalados na roldana. Felizmente já tinha recuperado a minha presença de espírito e consegui, apesar das dores, agarrar a corda. Mais ou menos ao mesmo tempo o barril com os tijolos caiu no chão e o fundo partiu-se. Sem os tijolos, o barril pesava aproximadamente 25kg.
Como podem imaginar comecei a descer rapidamente. Próximo ao terceiro andar encontrei o barril que vinha a subir. Isso justifica a natureza dos tornozelos partidos e das lacerações das pernas, bem como da parte inferior do corpo. O encontro com o barril diminuiu a minha descida o suficiente para minimizar os meus sofrimentos quando cai em cima dos tijolos e, felizmente, só fraturei três vértebras.
Lamento, entretanto, informar que me encontrava caído sobre os tijolos – incapacitado de me levantar e vendo o barril acima de mim – quando perdi novamente a minha presença de espirito e larguei a corda. O barril pesava mais que a corda e então desceu, caiu em cima de mim, partindo-me as duas pernas.
Espero ter dado a informação solicitada do modo como ocorreu o acidente.”.
Juro que é verdade.

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3 Comentários

  • Reply José Solon 15 de agosto de 2021 at 13:18

    Nessa história interessante e bem contada, falta um detalhe importante: qual o comprimento da corda para que o encontro barril/assentador de tijolos ocorra sempre no terceiro andar.

  • Reply Ubiratan Lemos 16 de agosto de 2021 at 12:12

    Levando-se em conta que a altura padrão de um andar é 2,70m, acrescentando 0,30m de piso e teto, chegamos a uma altura de 3,00m por andar. Considerando o Térreo igualmente com a mesma altura, o prédio de 6 andares tem 21,00m de altura, considerando o teto do 6º andar.
    a corda tinha, portanto, 42,00m(21,00m na subida e 21,00m na descida. Faltou o acidentado detalhar se o encontro era na altura do piso de piso do 3º andar ou na altura do teto do 3º andar. Se o encontro ocorria no meio do 3º andar, a corda tinha 10,50m prá baixo e 10,50m para cima – até o teto do 6º andar, o que perfaz 21,00m e mais outro tanto para descer. de qualquer forma a corda tinha 42,00m.

    • Reply Sebastião 16 de agosto de 2021 at 13:04

      E a distância dos ovos pra cu?

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