Vendo o rio de dinheiro correndo pelo leito da política, confesso, estou arrependido. Deveria ter me candidatado.
Já pensou eu botando no bolso 1 milhão e meio e ainda reclamando, achando ruim, menosprezando a bufunfa, como se 1 millhão e meio fosse apenas um caroço de milho grande e uma banda!
Indagora estava ali com a minha velha fazendo as contas das contas.
Pelo que calculamos, o dinheiro não vai dar pra chegar ao final do mês.
E olhem que não vivemos de farras como alguns coleguinhas da imprensa, frequentadores assíduos dos quitutes do Sonho Doce e do Novo Gulliver, os cardápios mais caros da cidade.
Quando muito vou ali em Joãol tomar umas duas lapadas com tira-gosto de pipoca boque.
Mesmo assim a coisa anda curta. Ou melhor dizendo, curtíssima.
Mas eu sou culpado.
Quem mandou não me candidatar a deputado estadual ou federal?
Teria fundos a minha disposição. Fundos grandes e pequenos, fundinhos e fundões.
Me daria ao desfrute de esnobar dinheiro, achar 1 milhão e meio uma merreca, uma bosta, um nada. E nem precisaria me eleger, porque o fundo financiador não exige resultados dos candidatos, quer apenas as presenças e os discursos.
Mas nunca é tarde demais para começar.
Nas próximas eleições eu me candidato.
Só não vou para o partido do Senhor Raivinha, porque, segundo estão dizendo, ele é meio murrinha, mão de vaca, amarrado que só orelha de freira.
Vou pro de Geraldim, que, mesmo não dando tudo, dá um milhão e meio só pra ver o receber bufando de raiva.
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