Alguns blogueiros da Paraíba – os de sempre – querem licença para mentir impunemente

Nove blogueiros pessoenses resolveram agora se unir em nome de uma causa que resume bem a razão desses blogs existirem.

Alan Kardec (Politika), Heron Cid (MaisPB e BlogdoHeronCid), Helder Moura (Blog do Helder Moura), Thiago Morais (ParaíbaRádioBlog), Anderson Soares (BlogDoAndersonSoares), Henrique Lima (BlogDoNinja), Ecliton Monteiro (PolíticaETC), Dércio Alcântara (BlogDercioAlcântara) e Marcone Ferreira (BlogMarconeFerreira), assinaram nota conjunta protestando porque a Justiça paraibana os tem impedido de atacarem livremente a honra de lideranças políticas, isso em nome do que chamam de “liberdade de imprensa”.

Ontem, lançaram um manifesto em que atacam a Justiça, acusando juízes e juízas de primeiro grau de ferirem “de morte os princípios constitucionais da liberdade de pensamento, expressão e imprensa.”

Para tanto, citam o caso em que a juíza Ana Amélia Andrade Alecrim Câmara, da 6ª Vara Cível da Capital, proibiu que o blog Politika, de Alan Kardec, continuasse sendo veiculada a “informação” de que o patrimônio de Estela Isabel aumentou em 170% em “apenas” 6 anos.

Notem o mau-caratismo da “informação”. Quem se der ao desprazer de visitar o blog desse jornalista, que é um dos exemplares do que a Paraíba produziu de pior no jornalismo nos últimos anos, notará que o responsável pelo “notícia” sequer se interessou em investigar se o patrimônio da deputada era condizente com sua renda. Parece-me óbvio que quem passa a ter uma renda de deputada estadual tem amplas condições de aumentar significativamente o patrimônio.

E o pior é que os detalhes foram extraídos da declaração de bens que Estela Bezerra enviou ao TRE.

Talvez o jornalista prefira políticos que se escondem atrás de laranjas, e eu não falo aqui da família Bolsonaro.

Outro jornalista que assina o “manifesto” é Anderson Soares, protagonista de uma das mais desmoralizantes fake news dos últimos tempos aqui na Paraíba.

Em 19 de março, Soares noticiou em seu blog a seguinte informação:

“EXCLUSIVO: Gaeco realiza busca e apreensão na casa de Ricardo Coutinho e no apartamento de Waldson – Informações exclusivas reveladas [fonte anônima, como sempre] ao Blog do Anderson Soares, nesta terça-feira (19), dão conta que o Grupo de Ações Especiais de Combate ao Crime Organizado (GAECO) realizou operação de busca e apreensão na residência do ex-governador, Ricardo Coutinho (PSB), em Quadramares e no apartamento do secretário de Planejamento do Estado, Waldson de Souza.”

Fake news, notícia falsa, mentira, desmentida até mesmo pelo Ministério Público da Paraíba.

Liberdade de imprensa?

A defesa da liberdade de imprensa tem servido no Brasil para vestir setores do nosso jornalismo com as roupas da mentira, da difamação e do partidarismo mais deslavado, e dar-lhe um lustre de “verdade”. São indivíduos que usam o diploma de jornalista para promover as mais abjetas campanhas, normalmente contra lideranças progressistas, cujo ódio a elas só se equipara à subserviência com que servem ao que há de pior na nossa política.

Quantas mentiras foram contadas nos últimos anos em jornais, programas de TV, sites e blogs sob a forma de “notícias” cuja base eram “fontes anônimas”? Quantas personalidades políticas tiveram suas imagens despedaçadas por notícias falsas, que correram o país em redes sociais, sem que tivessem a chance de desfazer o equívoco?

Como jornalistas que não têm nenhum compromisso com a verdade podem se esconder sob o manto da liberdade de imprensa apenas para continuarem suas campanhas de difamação, em sites e blogs que ostentam, em geral, banners da Prefeituras.

Percebam o paradoxo: enquanto esses blogs exaltam – e pressionam – autoridades da Justiça e do Ministério Público para que usem seu poder para atingir seus – e dos que lhes financiam – desafetos políticos, recebem dinheiro público para fraudarem a informação.

Não quero crer que seja por isso que o Ministério Público fecha os olhos para formas tão explícitas de cooptação política.

Ou seja, liberdade de imprensa para esses blogueiros é divulgar difamar quem eles bem entenderem e não serem responsabilizados por isso, como qualquer cidadão seria, apenas por serem jornalistas?