AMIGO

Ao contrário de Fabiano Gomes, não choramingo a ausência dos amigos que se perderam na poeira da estrada.Eles não eram amigos, apenas se prestavam ao papel visando algum proveito, tinham segundas intenções, disso não tenho dúvidas. E gente desse tipo não merece lembrança, sequer citação. Ignoro-os, os tenho na conta do rio que passou na minha vida sem deixar vestígios de saudade.

Os poucos amigos que cultivei ainda os tenho guardados no lado esquerdo do peito. E eles sabem disso, me conhecem, convivem comigo e têm ciência de que existe solidariedade de sobra neste coração meio bagunçado pelas curvas do tempo para oferecer a eles a qualquer hora e em qualquer circunstância.

Também não vou nominá-los. Poderia cometer a injustiça da omissão e isso, além de magoá-los, me tiraria o sono por causa dos remorsos.

Prefiro saudá-los com o abraço apertado, com o cheiro no cangote, com o desejo de vida longa para todos, sem exceção, se possível mais longa do que a minha, pois não tenho mais resistência para aguentar o choro provocado por mais uma despedida.

Que o dia do amigo se repita não somente uma vez no ano, mas todos os dias, todas as horas, todos os instantes.

Amigo não é coisa pra se sentir uma vez perdida. É sentimento longo, constante, permanente, imortal, infindável.

E contem com esse matuto renitente que não adota em seu  modo de viver gestos de ingratidão, de falsidade e de covardia.