Quando ingressei no jornalismo, Otinaldo já não era mais do rádio. A fama o levou a outros postos, foi secretário, depois advogado trabalhista, militou por alguns anos na TV Cabo Branco como entrevistador, de modo que no rádio ficou apenas a sua voz inconfundível anunciando as maravilhas da Água Rabelo, “agora em tamanho econômico de meio litro”.
Nos demos bem.
Fomos amigos e companheiros de jornadas.
Nas campanhas da API, sempre estivemos juntos.
Quando fui Juiz Classista da Justiça do Trabalho, conversávamos quase diariamente, ele advogado dos bons, eu juiz representante dos trabalhadores.
Tinha por ele o respeito natural do fã que reverencia o ídolo.
Ele e seu irmão, o escritor, historiador e polemista Zé Octávio de Arruda Melo, sempre foram distinguidos como os responsáveis pela mudança, para melhor, do rádio paraibano.
Hoje eu gostaria de dizer que Otinaldo não merecia morrer de Covid.
A Covid, como sabemos, priva os amigos de se despedirem do amigo que se foi.
Otinaldo merecia uma cobertura ao vivo e a cores do seu enterro.
Pelo que foi, pelo que representou na comunicação do Estado e pelo homem de bem que se fez respeitar e admirar.
Eu disse hoje ao meu amigo Ricardo Coutinho:
“Amigo, parece que não tem jeito”.
Falava da Covid e das suas consequências.
E gostaria muito de estar errado.
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