O amor é lindro

Amor eterno amor

2 de setembro de 2020

Minha comadre Nena anda muito queixosa com o tratamento que vem lhe dispensando o meu compadre Biu. Diz que ele não é nem sombra daquele rapaz atencioso de antigamente, que estendia sua camisa branca feito neve para ela passar sobre a poça de lama do Alto do Mateus.

Naquele tempo, quando comadre Nena dava uma topada, Biu se achegava todo faceiro e delicado, ajoelhava-se aos seus pés, pegava o dedo dolorido e dava um beijo.

-Deixa eu beijar, que passa”, garantia.

Agora, quando comadre Nena dá a mesma topada, Biu se volta e grita:

– Tá cega?!

É um problema geral, posso dizer. Raro são os maridos que conservam o lado romântico quando tratam com as mulheres, depois de bodas e mais bodas vividas.

Dedé do Geisel está aí para não me deixar mentir.

Quando juntou seus trapos com Judite, a união dos pombinhos prometia atravessar os estágios da vida e perdurar depois da morte.

Vinte anos se passaram e hoje Judite leva nome de gorda, mas devolve o galanteio chamando seu amado de “manequim”, referindo-se ao bucho proeminente que chega a descer pelas pernas e cobrir as chamadas partes pudendas.

No São João do ano passado Judite quebrou o pé. Teve que usar bota de gesso. Na volta do hospital, pararam na farmácia para comprar o remédio receitado. O farmacêutico informou que só havia em gotas e que Judite tomaria uma gota por cada quilo de peso.

-Então pode descer logo três caixas dessas -, mandou Dedé, no seu jeito delicado de ser.

Quando chegaram em casa, ela, suada e tristonha, lamentou-se:

-Êita, marido, perdemos o São João!

-Perdemos não, pois não quebrei pé nenhum -, respondeu-lhe o amado, com a sua inquestionável solidariedade.

SAPO CAGÃO

Houve um tempo em que Patos das Espinharas era abastecido pelas inúmeras cacimbas que existiam na bacia do Jatobá. A água era retirada das cacimbas e levada à cidade em lombos de burros.

A rotina dos burros foi quebrada, porém, com o aparecimento de uma praga de sapos nas cacimbas do Jatobá. O povo começou a recear em beber da água, achando que os sapos estavam cagando nela e, em conseqüência, sujando-a. O assunto chegou a ser enfocado na Câmara Municipal, com os vereadores querendo descobrir de que modo os sapos sujavam a água.

O problema, a essa altura considerado bastante grave, foi resolvido num aparte do vereador Abdias Guedes, que tranqüilizou seus pares e a população de um modo geral, garantindo:

-Como homem do mato, afirmo para os senhores que os sapos cagam na areia, limpam os sedéns na grama e somente depois disso é que mergulham nas cacimbas

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