opinião

Antes de Bolsonaro

18 de abril de 2021

 

Marcos Pires

Vou contar alguns fatos. Não que sejam de importância fundamental na história do Brasil, mas servem ao propósito de mostrar que nossos Presidentes aqui e acolá eram do balacobaco.
E começo com a incrível e verdadeira história da proclamação da República. O Marechal Floriano era partidário da monarquia e respeitava profundamente o Imperador D. Pedro II. Mas foi vítima de uma fake News. Soube que seria preso, o que não era verdade. Reuniu então as tropas e invadiu o Ministério da Guerra, demitindo todos os ministros do império. Porém limitou-se a isso e ficou na dele até que surgiu uma segunda fake News, dando conta de que o Imperador iria nomear como primeiro ministro seu arqui-inimigo Gaspar Silveira Martins. Pra que? O homem pegou ar e proclamou a República, tornando-se nosso primeiro Presidente. Sucedeu-o Nilo Peçanha, casado com Ana Soares Peçanha. Pensem numa mulher braba. Quebrou uma sombrinha na cabeça do valente Senador Pinheiro Machado, porque falara mal do seu marido.
Já a esposa do Presidente Hermes da Fonseca, Nair de Teffé, era cartunista, inteligentíssima e avançada. Pois não é que na festa de despedidas do poder juntou-se com Catulo da Paixão Cearense e tocaram ao violão o maxixe “Corta jaca”? O pior é que puseram a nobreza a requebrar pelo salão. Foi um escândalo.
Juscelino Kubitschek era Presidente e tinha 56 anos de idade quando apaixonou-se por Lúcia Pedroso, de apenas 23 anos. Era esposa do líder do PSD, José Pedroso, que ficou sabendo do caso e decidiu matar os dois. Mas bateu pino e limitou-se a contar o chifre a Dona Sara, a primeira dama. Porém tudo seguiu normalmente, tendo JK escrito ao longo da vida mais de 10 mil páginas de cartas à namorada, para desgosto do corno fofoqueiro. Eu tenho dezenas de histórias como essas para contar a vocês, mas cadê espaço? No entanto não posso terminar sem dizer que o ex-presidente Castelo Branco, que assumiu logo após a revolução (ou golpe militar, como queiram) em 1964, tinha um irmão que era funcionário público e teria recebido de presente dos colegas um automóvel de luxo como forma de homenagem indireta ao poderoso de plantão. Sabedor do caso, Castelo ligou para o brother e começou uma descompostura enorme. O irmão o interrompeu e disse que estava se sentindo ameaçado. Afinal, era capaz de ser demitido por ter aceito o presente, ao que o Marechal finalizou: “- Você não entendeu; demitido você já está. Estou decidindo é se mando prendê-lo”.

Você pode gostar também

2 Comentários

  • Reply Manuel Rodrigues de Oliveira 18 de abril de 2021 at 09:53

    Parabenizo o jornalista Tião Lucena pelo informativo Blog. Parabenizo também o advogado Marcos Pires pelos seus textos semanais.
    Com relação ao texto sobre nossos presidentes quero fazer algumas observações.
    Quem proclamou a República foi o Marechal Manoel Deodoro da Fonseca, no dia 15 de novembro de 1889. se tornando também o primeiro presidente, de 1889 a 1891. O segundo presidente foi o Marechal Floriano Vieira Peixoto, que era vice de Deodoro da Fonseca e que ficou no Poder de 1891 a 1894. Os dois presidentes eram alagoanos, Na nossa História esse período de 1889 a 1894 é conhecido como República da Espada. O primeiro presidente civil eleito foi o advogado Prudente de Morais, que governou de 1894 até 1898.

  • Reply Delfos 18 de abril de 2021 at 11:41

    Ficou faltando a narrativa mais
    pitoresca de todas: onde realmente
    se encontrava o imperador, e o
    que estava fazendo quando
    recebeu a mensagem que deu
    origem ao grito libertador.
    Para o anedotário anarquista
    paulista, ele estava atrás de uma
    moita, fazendo o que qualquer
    viajante faria na hora do aperto,
    no meio de uma longa e cansativa
    viagem. Daí o grito libertador.
    O restante da frase teria sido
    acrescentado depois, bem
    como o cavalo branco.

  • Deixar uma resposta

    Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.