Certa vez contei aqui que sai da minha terra magoado com o emprego que me prometeram e não me deram por conta de má informação prestada por circunspecto cidadão da cidade. Arrumei os poucos pertences numa mala velha de couro de boi e parti com o coração partido, morrendo de saudades da família e dos poucos amigos que ali deixei e vim me aventurar em João Pessoa.
Cidade grande, misteriosa, cheia de carros e de gente estranha, assim que a vi tive vontade de voltar. Mas me acostumei.
E tempos depois agradeci ao cidadão que me tomou o emprego, porque se não fosse ele eu teria continuado na mesmice do sertão e, com toda certeza, já teria morrido de cirrose hepática.
João Pessoa me deu régua e compasso. Deu esposa, deu filhos, deu netos e deu empregos. Com uma vantagem: Não precisei mendigar na porta de nenhum chefe político da minha terra. Tornei-me jornalista porque viram competência nos meus escritos. Tive, claro, a ajuda do mestre Frutuoso Chaves que me ensinou a cortar as gorduras e os excessos dos textos que redigia. Mas se não tivesse vocação para o batente, teria morrido no meio do caminho, como morreram tantos que passaram pelas redações e sumiram na poeira do tempo.
Cheguei à Procuradoria pelas mãos de Glauce e Tarcisio Burity. Fui secretário da Prefeitura de João Pessoa por escolha pessoal do prefeito Chico Franca. E ocupei a Secretaria Executiva de Comunicação do Estado por escolha do governador Ricardo Coutinho. Ninguém me indicou, eles escolheram. E acho que não se arrependeram.
Voltei à minha terra várias vezes. Até uísque escocês bebi com meu antigo desafeto. Dei-lhe um abraço e agradeci penhoradamente o favor que me fez. E senti muito quando ele morreu de infarto agudo no miocárdio.
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