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As campanhas políticas que eu testemunhei e agora posso contar (1)

28 de março de 2022

Participei, como eleitor e como jornalista, de várias campanhas políticas. Na de 82, com Mariz enfrentando a máquina azeitada do Governo Burity, me envolvi mais como partidário do que como jornalista. Mariz encarnava a rebeldia,  o voto contra a ditadura, enquanto Wilson Braga, candidato dos militares e apoiado pelo Governo do Estado, era a máquina a serviço do esquema, do poder reinante.

Fui de bigu com a comitiva até Princesa, onde um grupo pequeno liderado pelo inesquecível Paulo Mariano, garantiu palanque ao candidato a governador e a seus companheiros de jornada, Pedro Gondim, candidato a senador, João Agripino, candidato a federal, Zé Maranhão, também a federal e Jório Machado, candidato à Assembléia.

O comício foi no pátio da feira. Dali João Agripino fez críticas ao antigo aliado, Nominando Diniz, que se bandeara, ao lado de Aloysio Pereira, para os braços de Braga. Os rebeldes perderam feio.

Aliás, Mariz perdeu de cabo a rabo.Criaram o voto vinculado e essa criação botou terra na intenção do eleitor, de votar num candidato a deputado d e um partido e no governador de outro.

Quatro anos mais tarde o cenário era outro. Burity, que elegera Braga em 82, com ele rompeu em 86, se filiou ao PMDB e deu uma surra em Marcondes Gadelha, candidato governista. Foram 300 mil votos de maioria, um recorde.E, não satisfeito, Burity ainda elegeu Raimundo Lira senador, com mais votos do que Humberto Lucena, o segundo eleito.

Veio a eleição de 90. Burity já estava rompido com o PMDB, que candidatou Ronaldo Cunha Lima. Sem ter como votar em Ronaldo, Burity botou João Agripino Neto para embaralhar o meio de campo e assegurar o segundo turno. Braga tinha 58 por cento das preferências eleitorais e Ronaldo apenas cinco. Houve o segundo turno e deu Ronaldo na cabeça.

Lúcia Braga quis vingar o marido em 94.E começou com todo o gás. Era pra ganhar no primeiro turno. O candidato de Ronaldo era Antonio Mariz, que botou Zé Maranhão como candidato a vice. Mariz já estava doente, a gente notava o semblante cansado, o andar tropego, mas, mesmo assim e graças a um escândalo forjado em torno dos carros de Gesner Caetano, Lúcia Braga perdeu. Mariz não governou, ficou o tempo todo tirando licença e morreu na metade do mandato.

A eleição de 98 foi um passeio. Zé se reelegeu enfrentando um abandonado Gilvan Freire. Não teve nem graça. A tom triste dessa eleição foi a derrota de Burity para o Senado. Era o favorito, mas, doente e sem dinheiro, perdeu para Ney Suassuna, que recebeu o apoio ostensivo de Zé Maranhão. Acrescente-se que tanto Ney quanto Burity apoiavam Zé.

Zé Maranhão deixou o Governo seis meses antes do término do mandato em 2002 para poder disputar o Senado. Assumiu o vice, Roberto Paulino, que se afeiçoou ao cargo e tentou a reeleição contra Cássio Cunha Lima. Perdeu por míseros 43 mil votos.

Cássio se reelegeu em 2006 e foi cassado faltando um ano para o término do mandato. Maranhão, segundo colocado, já que perdera para o filho de Ronaldo, assumiu o Governo e, ao tentar se reeleger em 2011, perdeu para Ricardo Coutinho.

Aí começou a era Coutinho, que se reelegeu em 2014 e elegeu um secretário dele, sem tradição política e sem votos, logo no primeiro turno em 2018.

O que aconteceu depois disso eu só conto mais na frente.

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5 Comentários

  • Reply Guterlandio Nascimento Silva 28 de março de 2022 at 21:29

    Traidor vai perde as eleições, João Azevedo só foi eleito por causo de Ricardo Coutinho, paraiba nem conhecia esse traidor, e outra nas pesquisas, senhor João só tinha 3% nas pesquisas, veja como Ricardo tinha grande confiança no governador, que os aliados não queria João, mas Ricardo como grande líder não desistiu de João,..aí o que aconteceu pior traição na história política da Paraíba. Governador virou as costas para Ricardo Coutinho, onde não renunciou do cargo para ser candidato senador, ia ser Senador mais votado na história, mais tem aquele ditado o mundo gira.

  • Reply José Jackson, Serra Branca - PB 28 de março de 2022 at 23:32

    Foi nessa campanha que um helicóptero que trazia o principal adversário de Burity, o candidato Marcondes Gadelha, matou uma pessoa que se aproximou negligentemente da aeronave, no município de Serra Branca. A vítima morreu ao se chocar com o rotor da cauda do helicóptero. Marcondes Gadelha que vinha fazer um comício, quando viu a mórbida cena, não fez o pouso e o piloto voou em retirada.

  • Reply Alberto 29 de março de 2022 at 12:55

    Tiao em 90 não havia segundo turno. Me corrija se estiver enganado.

    • Reply Sebastião 29 de março de 2022 at 17:55

      Teve segundo turno, sim senhor. Pesquise.

  • Reply ANTONIO JOSE CASTRO 29 de março de 2022 at 18:08

    Lindo texto Tião. Que eleições emocionantes a Paraíba já vivenciou. Uma mistura de luta democrática e financeira; entre poderes no auge e no fundo de poço. Perdeu-se toda a emoção a partir de 1998. Isso nos faz lembrar também que a história sempre se repete, mas com atores diferentes. Aguardamos ainda um grande líder paraibano que possa carregar mutidões em seus braços.

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