Por onde passou, Lampião espalhou medo e, no seu rastro, ficaram histórias que muitos juram serem verdadeiras e outros garantem que são lendas.
Falava-se que a sua diversão predileta era jogar criancinhas para o alto e apará-las na ponta do punhal. Só por crueldade.
Houve também aquele caso do rapaz que foi obrigado a arrancar os testículos e guarda-los na gaveta do guarda roupa, como castigo por estar comendo a irmã.
Falavam que o Capitão “se envurtava” para fugir das volantes e houve alguém que jurou ter visto o cangaceiro fugindo pelas copas das árvores, como um macaco.
No sertão de Princesa Lampião teria chegado no meio de uma festa e obrigado todo mundo a dançar nu. Mas não ficou só nisso: dançariam com um dedo na boca e outro no cu. Quando todos dançavam desse jeito, Lampião deu a ordem:
– Trocar de dedo.
Ao que um dançarino reclamou:
-Assim tá danado!”
-Danado de que, cabra? -, interpelou-o Lampião. E o reclamador:
-Danado de bom, Seu Capitão.
Certa vez, Lampião chegou com seu bando num sítio onde morava uma viúva. Pediu a ela que fizesse comida para o grupo e a mulher, com medo, esqueceu de colocar sal.
Um dos cabras reclamou que estava tudo insosso.
O Capitão mandou trazer um pacote grande de sal, derramou no prato do cangaceiro e o mandou comer. E depois lamber o prato.
Sem direito a um copo de água para desentalar.
Lampião costumava cortar os beiços das suas vítimas “pra que os defuntos fiquem se rindo”, explicava.
Ele tatuou uma cruz a punhal nas costas do ocotogenário Joaquim José dos Santana, na Fazenda Fundão, em Sergipe, depois de lhe cortar os tendões do pulso.
No sertão da Bahia Lampião mandou preparar um ferro de marcar gado com as iniciais V L (Virgulino Lampião) entrelaçadas. Quando uma donzela resistia ao seu apetite voraz, mandava esquentar o ferro e marcava as duas coxas da coitada. Também ferrava na bunda.
No interior de Curaçá ele ferrou duas moças que lhe recusaram o sexo. Uma delas era noiva e enlouqueceu. Achando pouco, mandou um cabra seu, com doença venérea, contaminar a viúva, mãe das duas moças.
As três chegaram à cidade de Juazeiro, dias depois, pedindo ajuda. A viúva dizia-se desonrada e pedia remédio pra morrer. A louca proferia palavras desconexas em que se embaralhavam os nomes do noivo e de Lampião, enquanto a terceira, ainda mocinha, só fazia chorar.
Ficou famosa aquela festa de casamento em que Lampião, chegando de surpresa, mandou os noivos dançarem nus. O fato foi documentado em prosa e verso, como nessa quadra do poeta José Cordeiro, em que ele escreve como se fosse Lampião narrando o episódio:
No distrito Cajazeiras,
Perto do lugar Tatus,
Em um casamento eu fiz
Os noivos dançarem nus,
E no meio do pagode
Mandei apagar a luz. . .
Em entrevista ao “Diário de Notícias”, de Salvador, o Cel. Antônio Soares Monte Santo, fazendeiro em Canudos, contava sobre Lampião:
“— Foi em Pedra Branca. Ali assaltou ele uma casa de família. Armou o samba. Fez quatro mocinhas despirem-se. E tocaram a sanfona. Houve bebidas e o sacrifício das infelizes sertanejas. — Horrível! — Mas verdadeiro. E não foi tudo. Uma emboscada atraiu o subdelegado. Este quis manter-se como autoridade. Foi batido, violentado, vítima de um atentado infame que o levou quase morto ao hospital de Juazeiro”.
O fazendeiro continuou:
— Lampião forçou o subdelegado de Pedra Banca a ficar nu em pelo, introduziu-lhe uma vela no ânus, acendeu-a depois e, obrigando a vítima a passear pela sala, deixou que a vela quase se consumisse, queimando o pobre homem, em meio às gargalhadas e chacotas da cabroeira encachaçada.”
A última dele aconteceu na zona rural de Flores. Lampião passava por uma casa e ouviu um sujeito gemendo. Se aproximou e soube que o gemido era provocado por um espinho de mandacaru que tinha entrado na unha do dedo do pé há dois dias, provocando dores e inflamação. Na ocasião, a mulher do sujeito tentava puxar o espinho com a ajuda de uma agulha de costurar, mas não conseguia por causa dos gemidos.
O Capitão mandou a mulher se afastar, puxou seu longo punhal, enfiou no dedo inchado e puxou de lá com força o espinho com unha e tudo.
E virando-se para o paciente, que suava sem um pingo de sangue no rosto, perguntou:
-O que achou?
E o cabra:
– Que mão maneira o senhor tem! Não senti nada!
3 Comentários
Tudo lenda, estória de trancoso, conversa para boi dormir. Não perca seu tempo publicando essas tolices declamadas nos folhetos de cordel nas feiras das cidades interioranas.
Miserável! Deveriam tê-lo matado no início das suas perversidades. Um grandicissimo filho da p. depravado. Covarde. Canalha. Jamais deve ser chamado de “heroi do sertão “. Escória!
Concordo com vc Abraão. Não sei de onde tiraram esta estória que este cangaceiro era um herói e um justiceiro.