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 As eleições da OAB

25 de novembro de 2018

        Marcos Pires

Foi um prazer e um privilegio ter participado da eleição do Dr. Arlindo Delgado como Presidente da OAB aqui na Paraíba no início dos anos 2000. Éramos tantos amigos juntos que nada poderia dar errado, apesar dos obstáculos que superamos, sem contar umas fake news que chegaram ao ponto de criar uma certa cueca azul celeste (cala-te boca).

Lembro que a chapa adversaria, igualmente prenhe de excelentes amigos, conseguiu às vésperas da eleição uma liminar que com certeza prejudicaria nossas candidaturas, e nos reunimos numa sexta-feira (a eleição seria no domingo) para deliberar o que fazer. Acho que Zé Edísio e Delosmar deram o norte; precisávamos cassar a tal liminar mas estava em cima da hora para irmos ao TRF5 com um…um o que? Cada um dos 30 advogados presentes tinha uma ideia diferente. Harrison tentava a convergência com aquela sua maneira eclesiástica, mas estava difícil um consenso, até que uma nova dúvida surgiu; quem seria competente para despachar? Atrevidamente ligamos para um dos integrantes do TRF e lançamos a dúvida. Pacientemente ele explicou que na ausência do Presidente quem despacharia seria o Decano. Já que a Excelência estava de bom humor, um advogado sem noção jogou a bomba: “- E o senhor acha que é caso de mandado de segurança ou agravo? ”. Ele riu e disse: “- Bem, como sou eu o Decano, se vier para mim eu prefiro que seja um agravo”.

Cinco minutos depois, Zeca Porto, Carlos Aquino e eu no volante disparamos para Recife. Redigindo a petição com o carro a 180 por hora, vez por outra um catabiu (o menino Aquino dizia que eram oscilações excêntricas no asfalto) desmanchava tudo. Resumidamente conseguimos a liminar e no domingo ganhamos a eleição. Jamais esquecerei a alegria do Dr. Arlindo, cercado por todos nós, cantando o grito da vitória até que percebeu a letra (Arlindo é f…), e tomado de vergonha foi comemorar mais adiante, moderadamente.

Estas lembranças me vêm porque na próxima quarta feira teremos novas eleições para a OAB. Confesso que não iria votar, mas uma pessoa que amo demais me pediu o voto. E me deu um argumento insuperável: “Ô pai, você sempre nos ensinou que todas as pessoas têm que ter ao menos uma chance para mostrarem do que são capazes”.

Acho a atual direção muito bacana. O Presidente é discreto, trabalhador e é um colega corredor. Mas não posso fugir do que ensinei a vida inteira. Todos têm que ter uma chance. Com todo o respeito aos demais, votarei em Carlos Fabio.

 

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