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As festas do velho Cabral

31 de dezembro de 2022

Era tudo muito simples na casa do velho Cabral. Uma poltrona na sala de visitas, a mesa com seis cadeiras na sala de refeições, a cozinha e o quintal de piso encimentado, onde ficava a churrasqueira de roda de carro, de carvão aceso, assando a carne da festa.

Não tinha horário estabelecido para começar,  bastava o sol se por para Cabral acender o fogo e abrir as portas de casa para os parentes e para os seus amigos do Jardim Sepol.

E tome carne assada com uísque nacional. As meninas bebiam vinho e cerveja, os mais afoitos iam de uísque ou de cachaça maribondo vinda do barraco de Zé da São Pedro.

Antonio Doido era o primeiro a chegar e o último a abandonar a cena da festa. E só o fazia quando não havia mais carne assada na churrasqueira.

E Cabral, feliz da vida, aguardava o final da corrida de São Silvestre para então proclamar que mais um ano se passara sem ele “queimar o fuzi”.

Um dia o “fuzi” de Cabral queimou, a casa foi vendida, dona Marta também passou a habitar outras paragens, cada filho foi para o seu endereço e a festa emudeceu.

Nada de carne assada, nada de Antonio Doido, nada de discursos.

Só lembranças que o tempo aos poucos vai transformando em imagens distantes, quase apagadas.

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3 Comentários

  • Reply GUEDES 31 de dezembro de 2022 at 18:57

    Tião, seu Cabral era seu sogro ?

    • Reply Sebastião 31 de dezembro de 2022 at 19:01

      era

  • Reply Zé Bedeu 31 de dezembro de 2022 at 20:29

    Nostálgico, mas é a velha vida. No dia 25 de fevereiro de 2020 o meu sogro também me deixou, ficou aquela saudade

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