As lições das eleições deste ano

 

Por: Aldo Ribeiro – Economista e progressista 

O ano de 2020 ficará marcado pro resto de nossas vidas. Um ano em que nossa principal tarefa foi e ainda é suportar pra sobreviver. E o suportar aqui não diz respeito somente ao vírus que já matou quase 200 mil pessoas. É também preservar nossa saúde mental, face o hospício à céu aberto em que se transformou esse país.

Diante desse cenário caótico de letargia, loucura e desinformação, as eleições municipais desse ano foram totalmente atípicas. Mais curta, menos aglomerada e pessoas descrentes da classe política. Muitas delas vítimas da sua própria ignorância. No geral, analisando os números, o grande vencedor das eleições foram a centro direita, representados na direita neoliberal e no fisiológico centrão. Bolsonaro foi o grande derrotado, mas esquerda também teve suas avarias. O alento da esquerda ficou por conta da cidade de São Paulo. Boulos nos ensinou o caminho das pedras. Insisto nessa tecla, a guerra é nas redes. Sub utilizá-la, ou utilizá-la de forma errada ainda é nosso grande entrave.

Quer um exemplo: é incabível que Emerson Mofi tenha 835 mil seguidores no Instagran e o ex-governador Ricardo Coutinho tenha apenas 72 mil. Percebem a discrepância? São influenciadores de áreas diferentes, mas que atingem o mesmo público. Pior: o que tem mais seguidores é um apoiador do excrementíssimo escroto Presidente da República e  das oligarquias do nosso estado, o que no fim das contas os colocam na mesma seara de influência digital. Percebem? São paralelas que se cruzam.

Olhando mais especificamente pra o pleito eleitoral de João Pessoa, mas que tem reflexos em todo o estado, é notório que a candidatura de Ricardo foi derrotada não pelos seus adversários, mas por um conjunto de forças que se uniram em torno desse objetivo. Ou você acha que em condições normais Ricardo não seria eleito no 1º turno? Olhando daqui, mais de um mês após o 1º turno, penso que algumas estratégias do PSB foram equivocadas. Lá atrás, já tinha esse impressão. No entanto, Ricardo mais um vez mostrou o quão líder e corajoso ele é. Poucos, pouquíssimos, teriam a coragem que ele teve. Entes públicos, acusados e bombardeados pela mídia tradicional e redes sociais, inocentes ou não, procurariam o anonimato. Ele fez o caminho inverso. Foi à luta.

A lição que fica, é que se faz necessário mais do que nunca o fortalecimento da comunicação do campo progressista. E aqui na PB a coisa é bem pior. A preço de hoje, não temos uma comunicação capaz rebater e desconstruir a narrativa da direita oligárquica paraibana. Quer outro exemplo: o espetáculo midiático feito na prisão preventiva de Coriolano Coutinho. Conseguiram vender a notícia como a 10ª fase da Operação Calvário, quando na verdade foi uma suposta desobediência de Coriolano. Ou seja, continuarão o processo de cozimento à fogo baixo até 2022. Trata-se de uma guerra híbrida e permanente. É preciso repensar rumos e estratégias de comunicação.

No mais, gostaria de agradecer mais uma vez o espaço gentilmente cedido por Tião. Pedir à todos que se cuidem. Se não for por você, que seja pelos seus. O vírus tá solto e mata, viu gente. Mata muito. Tudo indica que teremos um ano de 2021 muito difícil.

Um Feliz Natal, um Ano Novo de muita saúde e resistência. Força pra suportar. Assistam o documentário do Emicida na Netflix. É um bom revigorante pra seguir em frente.

Um abraço fraterno.

Aldo Ribeiro