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As primeiras do dia

7 de setembro de 2018

Adélio Bispo de Oliveira, o homem que deu uma facada no bucho de Bolsonaro, tem problemas mentais. Segundo uma sobrinha dele ouvida pela Folha de São Paulo, nos últimos três anos ele teve um surto e vivia a falar palavras desconexas. Se trancava no quarto por longos períodos, sem sair nem para mijar e ali ficava falando besteiras que ninguém entendia. Era missionário de uma igreja evangélica e filiado ao PSOL.

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Essa é a ficha do homem que, portando uma faca, misturou-se ao público ao redor do candidato a presidente e, ao se aproximar, meteu-lhe a faca.

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Na Polícia, o criminoso disse que agiu em nome de Deus.

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Um doente, um fanático, um sujeito que agiu por conta própria, sem receber ordens de ninguém.

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Mas assim que o fato aconteceu, apareceu Silas Malafaia, que se diz pastor evangélico mas tem cara de representante do cão chupando manga, botando a culpa “nos esquerdopatas” do PT. Aliás, a turma que apóia Bolsonaro gosta muito desse termo: esquerdopatas. Fala isso com os olhos revirando como quem tem orgasmos múltiplos.

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Só avivando a memória desses senhores, lembro que esses mesmos que se solidarizam com o ferimento de Bolsonaro, fizeram chacota sobre o cadáver da mulher de Lula. Pisotearam o corpo de Dona Marisa e, achando pouco, ainda colocaram a defunta num inquérito, como se ela não tivesse morrido ou, então, pudesse ressuscitar a qualquer momento e fugir com o triplex do Guarujá escondido num balaio.

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Encerro aqui o papo sobre o caso Bolsonaro, mas antes lembro a quem interessar possa que a gente colhe o que planta. O homem mais violento desta campanha teve sorte de ainda não vigorar aquela medida dele de liberar geral o porte de armas no país. Imagina se Bispo, em vez da faca, portasse um AR 15 cheio de balas!

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E hoje é dia de desfiles cívicos pelo país afora. Comemora-se a Independência do Brasil e aqui o velho volta a ser menino, viaja no tempo e ao encontro dos garotos do Ginásio Nossa Senhora do Bom Conselho  a marchar garbosamente pelas ruas de Princesa com seus uniformes azuis e brancos.

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Na frente, abrindo o desfile, Bartolomeu, Djalma de Jericó e Zezinho dos Irerês levavam as três bandeiras: do Brasil, da Paraíba e de Princesa, pregadas em mastros de aço inoxidável e tremulando sob os fortes ventos da Serra da Borborema.

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Logo atrás, a banda, com Antonio Gordão chamando a atenção por causa do tamanho do bombo que ele carregava no meio dos peitos, preso por uma grossa correia de couro cru fabricada por Ulisses Garapa, no qual batia com dois paus de cabeças preenchidos por algodão e couro curtido.

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A comandar a tropa, Pedro Caboclo e sua corneta maravilhosa entoando dobrados que faziam as mulheres mais velhas derramar lágrimas de emoção.

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E as meninas em flor, vestindo saias batendo nos joelhos e presas por suspensórios de pano ao redor das costas, bailavam ao sobor dos ventos enxeridos que de vez em quando levantavam as indumentárias e mostravam aos ávidos punheteiros as suas coxas carnudas.

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O professor José Gomes Sobrinho, nosso Pai Zé, proferia o discurso cívico recheado de citações em francês e em latim, para devaneio de uma platéia embevecida que nada entendia das duas línguas mas achava bonito o solfejar das citações.

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E mais tarde, quando tudo acabava, o professor Genésio Lima, diretor permanente da escola, levava todo mundo para o Bar do Peixe e pagava o derrame de cachaça com traíra frita na banha de porco.

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Xau, passado!

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