Fui ontem a Jacumã matar saudades e encontrei tudo mudado. Onde antes era mato agora é prédio, onde antes eram caminhos, hoje são ruas, só na rua principal contei três enormes supermercados, o mercadinho do alto da ladeira não é mais de bigode, acho que nem bigode existe mais.
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Em Carapibus o bar de Nativus foi derrubado, no lugar encontrei uma senhora com seus empregados, uma churrasqueira e panelas oferecendo pratinhos de ensopado a 30 reais.
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A solícita garçonete trouxe uma anchova de porte médio e uma posta de atum para escolhermos qual dos dois produtos comer no almoço. Cada pedaço custava 150 reais e não davam, os dois, para alimentar a mim,a dona Cacilda, a minha filha Niâni, a Milton o marido dela e aos netos Samuel, Priscila e Emília, esta última com o marido Nikolas.
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Pedi uma cumbuquinha de ensopado de marisco, os meninos comeram três espetos de churrasco e um prato de batatinha, mais uma água mineral e duas lapadas de cachaça. A dona lá cobrou dois ensopados em vez de um e as doses de cachaça somaram 24 reais, um real a menos do que pagaria se tivesse pedido uma garrafinha.
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Sim, ia esquecendo, na descida da ladeira quatro mulheres exibindo as bundas dançavam aquela dancinha da Bahia, enquanto uma voz feminina cantava uma música onde perguntava “quem quer comer meu chibiu?”
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Minha neta de oito anos cobriu os ouvidos com as duas mãos, enquanto dizia “eu não posso ouvir essas coisas”.
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Garanto que nunca ouvi isso no cabaré de Estrela. E olhem que lá morava Toinha Baú, a quenga mais escrota do sertão.
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As raparigas de Princesa eram respeitosas. Tanto eram que uma delas, a bela Pichuita, virou nome de praça.
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Fui a Pousada do Zekas pensando em almoçar. Não tem mais almoço na Pousada do Zekas. Nem o Zekas vi por lá.
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A pousada foi meus pastos no passado. Biu Ramos a chamava de “Cassino da Lagoa de Jacumã “ por causa da bela lagoa que se estende a seus pés.
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Almocei num restaurante novo, local bonito e caro. Por um pedaço de costela, um filé à parmegiana e uma peixada com mais caldo e verdura do que peixe, 560 reais. Quase uma feira das boas no Atacadão.
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Fui ver Bigu com a sua budega. Estava tudo fechado. Visitei o Chifre de Ouro e o Arrocha Aro, onde fica a casa que não é mais minha. Nada por ali mudou, mas percebi um ar de abandono.
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Cadê Seu Inácio? Deve ter morrido. Ele era dono da budeguinha do Chifre de Ouro onde eu inaugurava o passeio etílico pela redondeza. Certa noite me gabava para o distinto público de ter nos bolsos um envelope de Cialis. Tanto exibi que perdi. De cara cheia, voltei pra casa. No dia seguinte me dei conta do perdido, voltei à budega e perguntei a Seu Inácio se tinha visto o envelope pelo chão. Seu Inácio, fazendo cara de safado e botando pra cima de mim um olhar de felicidade, confessou:
– Eu bibi.
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Por incrível que pareça não avistei político durante minha passagem por Jacumã. Ainda bem. Não suporto mais esse amontoado de homens públicos sorrindo um sorriso forçado, acenando de má vontade, distribuindo santinhos e prometendo o mundo e o fundo para, depois da eleição, não dar nem o mundo e tampouco o fundo ao eleitor .
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E eu me vou-me a mim.
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Inté.
6 Comentários
É o governo do AMOR, tudo caro e a mídia corporativa e comprada, tentando disfarçar o desastre da carestia.
Desculpe, mas isso não tem nada a ver com governo. Tem a ver com a safadeza de quem vende.
NO QUE SE REFERE À PORNOFONIA, SOLÂNEA TÁ DO MESMO JEITO …
Muito caro, é um absurdo, muita propaganda, e pouca estrutura!
Tião foi se encontrar com o passado… Tremenda decepção. O passado só existe na nossa memória. Encontrou um presente caro, de grego, assanhado e esfolador. Foi assaltado pela boca. 560 numa peixada? Que desgraça! Vai, Tião, ser gauche na vida! Kkkkkkk
JACUMÃ! PRIMEIRO 💋 BEIJO ! 40 ANOS: Fui na igreja e vi tudo diferente. Mas a memória da gente agora só tem espaço e tempo para o que é bom. Não temos tempo a desperdiçar. JACUMÃ deveria ser o nome do município. CONDE não tem nada a ver com a gente originária do lugar. De 1980 a 1984, lá eu vivi os anos dourados da minha existência, do jeito que não importava nem se haveria amanhã. Não deu noutra. Achei a minha princesa e não escapei do laço. Graças a Deus! – Só cunhadaria são 13. Imagina a ruma de gente. Um dia tentamos juntar todos para o aniversário 🎂 dá matriarca (95 anos). Até onde consegui registrar contagem da parentada que compareceu, chegou a 112 ao todo. CONDE é um lugar lindo, de grande potencial econômico. Mas vive acorrentado pelo menos desde 1962. a uma urucubaca oligárquica medonha. Pense num troço carregado do cabrunco. É atraso em tudo. A esbórnia de gente fina, elegante e nada sincera. Mas tudo passa na hora que tem que ser. Não adianta mexer no relógio ⏳ natural de um tempo que ainda não teve alvorada.