Bem que diziam e eu duvidava: o cabra quando está ficando velho começa a viver do passado. Eu mesmo estou fazendo isso agora. Nem bem amanheceu a sexta-feira, lembrei das sextas de antigamente, principalmente dos bares das sextas que eram alegres e cheios.
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Lá no começo eram os do centro de João Pessoa: Fava do Ebraim, Flor da Paraíba, Pietros, Cassino, Cantina do Camões, Moura da API, Bar do Grego, Fava do Bosco, Seu João do Grande Ponto, Luzeirinho, Woodstock , Dona Chiquinha e descendo pras bandas do cabaré, Lurdes Fodinha, a quem fui apresentado por Anacleto Reinaldo, o único que bebia fiado, não pagava e quando demorava a voltar deixava Lurdes roendo de saudade.
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Uma das grandes atrações etílicas era um bar que havia na baixa de Olitizeiro, entre a entrada do Bairro dos Novais e a feira, por causa das saborosas buchadas que costumava servir. Ponto de encontro de boêmios e de políticos, deixou de existir após a descoberta: o dono servia buchada de cachorro dizendo que era de bode.
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Na Torre, onde eu morava, havia o Bar de Raul, o de Zekas, o das Bichas Boas, o Braseiro Continental e a Malandros do Borro, que apesar de ser uma casa de danças, tinha bar e servia todo tipo de bebida.
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Nos bares do centro o grupo era formado, entre outros, por Chico Pinto, Jackson Bandeira, Edmilson Lucena, Pedro Moreira, Abmael Morais, Paulo Santos, Armando Nóbrega, Calecina, Petronio Ferreira, Leila e o Tião que vos fala.
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Nos da Torre eu dividia as mesas com Elisafá, Manoelzinho, Genebaldo Avelar, Pedoca, Fatão, Betânia e Joãozinho de Pombal. Pedoca tocava violão e imitava Nelson Gonçalves.
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Mas havia a turma endinheirada que preferia farrear no Driv in, no Bar da Xoxota, no do Meu Cacete e no Bar do Mijo , este último lá na Praia do Poço, perto dos “matadouros” localizados no itinerário de Cabedelo, casas onde se ia e onde se ouvia os lamentos e choros desesperados de mulheres.
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Enturmei-me com o pessoal do Paraiban e fazíamos tertúlias semanais em bares diversos, sempre o mesmo time: Vavá Lima, João Ferreira, Ailton, Chico, Muniz, Chagas e Luiz Humberto. Todos voltavam pra casa, de cara cheia, dirigindo, pois naquele tempo ainda não existia a Lei Seca.
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Com o tempo e os anos, muitos preferiram a acomodação da vizinhança, e eu, no Geisel, ia ao Bar de Chico, na feira, tomar uma e tirar o gosto com couro de “toicinho”.
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No Ernani Sátyro corria ao Bar de Zé do São Pedro e ao do velho Cabral. Zé só vendia a cana pura, Cabral fazia um picado de porco que era uma delícia.
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Sem esquecer Renato do Funcionários II com suas bistecas fritadas no óleo de salada , o Bar do Tetéo do saudoso Domintieux Feitosa e o do não menos saudoso Goró, frequentado por guerreiros tipo Anibal, Tilá, João Bizu e Arlindo.
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Arlindo, já perto de morrer, inventou um coquetel de conhaque de alcatrão com tempero. Não durou um ano.
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Deixei por derradeiro o Bar do Zezão, pasto de muita gente boa, com destaque para Fábio Mozart, Anacleto Reinaldo e a Turma da Manzuá, os pés inchados que bebiam do “se me dão”.
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Mas o derradeiro dos derradeiros foi o Bar de João, na Praça do Skat de Manaíra, que tinha como principais atrações os gritos de guerra do saudoso Dudu do Manaíra Shopping, a elegância do “sargento” e a tranquilidade avassaladora de Assis Canário, o homem que veio de Campina ensinar o pessoense a beber.
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E por hoje é só.
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Inté.
3 Comentários
peso
Você esqueceu o bar do PAU MOLE, e lado do hotel tambaú.
POR LUGARES COMO ESSE
MUITAS VEZES FREQUENTEI
HOJE SÓ RESTA A SAUDADE
QUE DOLOROSA ACUMULEI
MAS VIVER DE PASSADO BOM
É COISA QUE AINDA SEI.