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As primeiras do dia

10 de dezembro de 2018

No passado mataram João Pedro Teixeira, Pedro Fazendeiro, Margarida Maria Alves e Nêgo Fuba. Agora matam José Bernardino da Silva e Rodrigo Celestino. E vão continuar matando agricultores, líderes de sem terras, porque a luta deles é inglória e incompreendida. Eles lutam pelos pequenos, pelos que nada tem e quem nada tem nada vale para esse povo que tudo tem, embora seja desprovido de caráter.

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Eu nasci na roça, vim de um agricultor. Com ele limpei mato até ficar taludo. Acompanhei a luta dele como sindicalista de trabalhadores da roça. E sei o quanto é difícil defender esses homens de mãos caludas, semblantes envelhecidos pelo sol a pino dos roçados e boca sem dentes em razão da falta de dinheiro e de tempo para se cuidar.

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Já naqueles tempos eu ouvia o comentário dos poderosos desdenhando dos direitos que se dava ao homem da enxada. Agricultor só tinha alguma valia em época de eleição. Ali, sim, ele servia para levar ao poder o coronel aproveitador, o filho do coronel vagabundo e as putas do coronel disfarçadas de damas.

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O tempo passa e o modus operandi continua o mesmo. Encomendam a morte. João Pedro foi “encomendado” na estrada de Sapé. Ali seu corpo ficou varado de balas e no chão, manchados de sangue, ficaram os cadernos que ele havia comprado para os filhos estudarem.

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A Pedro Fazendeiro e a Nêgo Fuba negaram tudo, até o direito a um túmulo. Desapareceram com os dois e as famílias até hoje não têm uma cova para chorar seus mortos.

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Margarida havia jantado e tomava o café da noite, quando a chamaram na porta. Ele foi atender e teve o rosto desmanchado por um tiro de 12.

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João Pedro, Pedro Fazendeiro e Margarida tombaram diante dos trabucos contratados por poderoso usineiro, que ao ter sua identidade e responsabilidade descobertas, foi beneficiado com a imunidade parlamentar proporcionada pela renúncia coletiva de 8 deputados, “adoecidos” para possibilitar a posse do oitavo suplente.

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Resta descobrir o nome do mandante da hora. E rezar para ele não ser suplente de deputado.

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Inté.

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11 Comentários

  • Reply Chico 10 de dezembro de 2018 at 05:38

    QUEM RECEBE A GRANA PRA MATAR É UM POBRE E QUEM ACOBERTA OS MANDANTES E SEUS DESCENDENTES SÃO OS POBRES COM SEUS VOTOS.POR EXEMPLO QUEM ERAM OS CAPITÃES DO MATO QUE CAÇAVAM OS ESCRAVOS FUJÕES?

  • Reply Carlos Sampaio 10 de dezembro de 2018 at 06:42

    Amigo Tião, vc tem noticias de Tayrone ?

    • Reply Sebastião 10 de dezembro de 2018 at 06:58

      Pergubta a marcondes gadelha

  • Reply Edmundo dos Santos Costa 10 de dezembro de 2018 at 08:18

    VEJAM O DISCURSO DE ASFÓRA, NO VELÓRIO DE JOÃO PEDRO. VALE A PENA. CONTRA OS CANALHAS A SOCIEDADE SÓ VENCERÁ SE ESTIVER ORGANIZADA E UNIDA. COMO DISSE CHICO, É POBRE MATANDO POBRE. O MATADOR SE TORNA ALVO, PARA NÃO SER PRESO E NÃO “ABRIR O BICO” , CONTANDO QUEM É O BANDIDO MAIOR, MANDANTE E INTEREDIÁRIO, ESPECIALMENTE AGORA QUE, QUEM DELATA SAI IMPUNE E ENDINHEIRADO.

  • Reply wilson silva 10 de dezembro de 2018 at 09:13

    a esquerda é pura hipocrisia!

  • Reply airton calado campina grande 10 de dezembro de 2018 at 10:55

    E a direita é o que

  • Reply Almir 10 de dezembro de 2018 at 13:13

    O povo elege os descentes e testas-de-ferro dos mandantes.

  • Reply Eduardo Valois 10 de dezembro de 2018 at 18:38

    É MUITA CONVERSADEIRA DE MERDA POR PARTE DO DONO DESTE BLOG. TÁ COM PENA, TIÃO? MANDA INVADIR TEU SÍTIO LÁ EM BANANEIRAS!

    • Reply Sebastião 11 de dezembro de 2018 at 05:01

      Primeiro, não tenho sítio. Segundo, não conversamos merda. Terceiro, vá tomar onde a galinha toma.

      • Reply Eduardo Valois 11 de dezembro de 2018 at 12:48

        KKKKKKKKKKKKKKK Gostei véi Tião!

  • Reply Inácio Caetano Ferreira Neto 11 de dezembro de 2018 at 00:07

    Vi em nota do CAVN/UFPB que Rodrigo Celestino, morto no acampamento do MST, foi aluno, concluindo o curso de técnico em aquicultura em 2008. Sou contrário à grande parte das práticas do MST. Mas vejo a importância e necessidade da militância, da defesa das causas em defesa de classes.
    Conclui o curso de técnico em agropecuária nessa renomada escola, fazendo posteriormente o curso superior de Ciências Biológicas, e me sinto triste por tal acontecido.
    Lamento também saber que colegas, contemporâneos, que vivenciaram essa história, defendem essa onda de intolerância e violência, onde vidas são ceifadas.

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