José Maranhão só se tornou governador por causa de um acidente de percurso. Mariz o escolheu como vice-governador por não confiar em Carlos Dunga, indicado pelos Cunha Lima. Maranhão era da velha guarda do PMDB, andava ao lado de Mariz há anos, fora seu companheiro de campanha na inditosa eleição de 82 e por conta disso tudo, foi o escolhido
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Mariz sabia da gravidade do câncer que o acometia. Foi pra luta no sacrifício. E ganhou a eleição graças aos carros de Gesner Caetano, mostrados em carreatas comandadas pela Secretaria de Segurança do Governo Ronaldo Cunha Lima como troféus de guerra contra a corrupção.
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Eleito governador, Mariz quase não governou. Deu de presente o Governo a Maranhão, que mostrou talento administrativo e fez o seu nome.
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Reelegeu-se, mas a sua reeleição não pode ser contabilizada como uma vitória. Enfrentou um Gilvan Freire liso e fraco, abandonado pelos seus então amigos Cássio Cunha Lima, Cicero Lucena e Ronaldo Cunha Lima. Fez uma campanha patética, solitária e lisa. E levou uma surra tão grande que de lá pra cá nunca mais foi nada na política do Estado.
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A segunda eleição majoritária de Maranhão foi a de senador. Todos que eram vivos na época conhecem a história dessa eleição. Embora adversário dos Cunha Lima, estes facilitaram sua vida para evitar a eleição de Wilson Braga e viabilizar a de Efraim Morais, tido e havido como a zebra daquele pleito.
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E como aconteceu isso? Simples. Os Cunha Lima desprezaram o candidato Braga, em tese apoiado por eles, mandando votar em peso em Efraim Morais em Campina Grande e Efraim mandou votar em peso em Zé Maranhão no Vale do Sabugi. Os dois foram eleitos e Braga, bufando de raiva, deu uma entrevista na API denunciando a traição.
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A última eleição majoritária que Maranhão ganhou foi a do atual mandato de senador. Já perto dos 80 anos, Maranhão usou o discurso da despedida, dizendo ao eleitor que seria o coroamento da sua vida pública. O eleitor se sensibilizou e o elegeu numa disputa apertada contra Lucélio Cartaxo, um desconhecido que ostentava, como principal galardão de campanha, o título de irmão do prefeito da Capital.
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Tirando essas três eleições, uma delas, repito, que qualquer um com um mínimo de estrutura ganharia, Maranhão sempre perdeu. Perdeu pra Cássio para governador, para Luciano Cartaxo para prefeito, para Ricardo Coutinho para governador e para João Azevedo, também para governador.
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Sim, ia esquecendo, Maranhão ganhou uma convenção do PMDB para Ronaldo Cunha Lima, depois de levar um dedo na cara no famoso episódio do Campestre de Campina Grande. Mas a história dessa convenção não se enquadra nesse discurso moralista e ético que o senador quer apresentar agora. Dizem os da época que o então poderoso governador colocou os convencionais num ônibus e os trancou num hotel de Natal como se fossem bois, só os liberando no dia da convenção, assim mesmo sob rigorosa vigilância para não desviarem o voto.
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E o resto é bagaço que a porca chupa.
3 Comentários
Não acho que foi bem assim, apesar de não votar em Zé Maranhão. Aquela convenção do PMDB não foi citada, ali ele foi muito hábil. E na sua eleição para Senado em 2002 ele seria eleito de todo jeito, pois tinha aprovação muito grande. No último pleito ele jogou sua biografia no mato, pois apoiar Bolsonaro foi um erro gravíssimo.
Até hoje honra a confiança que MARIZ depositou nele, quase setenta anos na política é nenhum envolvimento com corrupção como grande parte dos políticos do nosso Estado e País.
José Maranhão, um exemplo a ser seguido.
Faltou a surra na disputa da Prefeitura, em que perdeu para Estela.