As sextas feiras santas sempre foram tristes. Lá em casa, nos tempos de Princesa, mamãe nos obrigava a ficar tristes até o meio dia. Ninguém comia, ninguém tomava banho, todos falavam baixinho e não se cometia o menor pecado. Principalmente o da gula. Só depois do meio dia é que as portas da prisão eram abertas e a meninada se empanturrava com o panelão de bredo no coco e pirão de traíra.
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Agora o silêncio é maior. É o silêncio da morte, da ameaça, do bicho traiçoeiro que invade o corpo e destroça o pulmão. É tão poderoso que suspendeu os ofícios religiosos, a procissão do Senhor Morto , a matraca que anunciava a passagem do cortejo conduzindo o caixão de vidro com Nosso Senhor deitado dentro, carregado por quatro santificados cidadãos escolhidos a dedo entre os mais generosos contribuintes da paróquia.
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Enquanto alinhavo essas lembranças, me chega à memória os almoços na casa do velho Cabral, meu sogro. Invadíamos a casinha dele, no Ernani Sátyro, logo pela manhã. Quando o relógio avisava a hora de iniciar os trabalhos, ele abria o garrafão de cinco litros de Carreteiro (quando não era esse, era o Sangue de Boi) estupidamente gelado e o devorámos em rodadas seguidas, regadas a boas conversas e a caldo de peixe como tira-gosto. Quando chegava a hora do almoço, a turma do vinho comia com o olhar piongo, pensando no bucho e pensando na rede.
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E a vida segue.Não tem mais o bredo de Dona Emília e Seu Miguel, o Carreteiro de Seu Cabral sumiu das prateleiras, nem a procissão sobreviveu. Aos poucos as coisas boas e simples foram substituídas pelo automatismo da internet, das mensagens de zapzap, dos fuxicos do Facebook e das brigas do Instagram, tudo “instragando” os encantos das rodas de bate papo e das confraternizações em família.
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Mas eu dizia vida que segue e a vida seguindo traz novidades que não são lá essas coisas. O secretário da Receita voltou a dizer que não tem como garantir o pagamento da folha de maio dos servidores públicos. E agora o da Educação acena com a possibilidade de faltar merenda escolar para os estudantes. Diz que a verba disponível não é suficiente para bancar a despesa.
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E eu fico a perguntar se tudo é culpa do Coronavírus ou se alguém está usando o vírus como desculpa.
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Quem pretender se banhar nas praias do Conde nesse feriadão, pode tirar o cavalinho da chuva. A Prefeitura determinou o fechamento geral da orla e ai de quem se meter a besta e desobedecer a quarentena.
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Bolsonaro não toma jeito. Parece menino ruim querendo briga. Em resposta a seu subordinado Mandetta, que tinha dito que médico não abandona o paciente, disse em live na internet que o paciente pode mudar de médico.
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Homem, exonere logo, deixe de moído!
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E bote um general no lugar dele. De preferência que nada entenda de medicina.
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Hoje vai ser devagar, quase parando.
14 Comentários
Perguntar não ofende: porque a prefeitura de João pessoa decidiu reformar o hospital 13 de maio que é da família de um secretário e não teve o mesmo interesse no hospital Santa Paula? Mistério!
A resposta está implicita na sua própria pergunta.
O pagamento é do gov. do estado da Paraíba Tião?
O criador do movimento empresarial NÃO DEMITA, Daniel Castanhi, disse à Folha de São Paulo que ” na crise se revelam os líderes “.
Disse também que depois da crise as empresas solidárias serão valorizadas.
Eu acho que o NÃO RECONHECIMENTO ( ou seja, o boicote) deve começar desde já.
Lugar de empresa que demite funcionários, enquanto os patrões só se preocupam com o seu patrimônio pessoal, é no lixo!
O mesmo lugar onde jogaram os seus ex-funcionários e suas famílias.
E, lembrem-se: a crise também revela os empresários canalhas!
Você vai continuar prestigiando empresas de empresários canalhas?
Os ministros de Bozonaro, além de pouco competentes, não tem DIGNIDADE. Uns são bajuladores, capachos, lambe-botas do capitão; outros, apesar de reiteradamente humilhados em praça pública e “convidados” a deixarem o governo (Onyx Lorenzoni e Luiz Mandetta), insistem em ficar. Não tem vergonha na cara, parecem sapos CURURUS quando enxotados de casa à vassouradas e sal no lombo, tal é o encanto pelo poder nessa “gaiola de loucos”.
O governo do Distrito Federal proibiu, dias atrás, o consumo no local de qualquer produto vendido por padarias.
Ontem, o Bolsonaro foi a uma padaria ,na Asa Norte, comprou um sonho e comeu no local. Provocou aglomeração, e deu um mau exemplo, como sempre.
Foi saudado por moradores com o titulo merecido: babaca!
Meu bom Tião, você vinha desenvolvendo uma escrita muito gostosa de ler enquanto abordava temas da SEMANA SANTA, mas, parece que dá uma coceira em você e conclui um trabalho tão bonito numa verdadeira FUXICADA. Terminou misturando SEXTA FEIRA DA PAIXÃO com estocadas políticas. Mas, esse é o Sebastião Lucena. Feliz Páscoa !!!
É o grande jornalista Tião Lucena: antenado e realista.
Penha, se você sente-se incomodada é só não ler e pronto
Tião – parabéns pela foto do prato. Essa foto me transporta a um passado distante quando morava num pequeno sítio no hoje Bairro Maia em Princesa, durante a construção do Açúde Jatobá, onde meu pai, Mestre Medeiros, trabalhou do início até o final da obra. Naquele tempo, o atual Maia era apenas uma estrada de barro que ligava Princesa ao Estado de Pernambuco. Lembras disso ?
Demais
ALERTA:
O diretor do Hospital Albert Eiinstein já havia denunciado as pressões que está sofrendo para que o hospital utilize Cloroquina em todos os pacientes com Covid-19, indistitamente.
Ontem foram os médicos que compõem o corpo clínico do hospital que fizeram a mesma denúncia.
Enquanto isso Bolsonaro faz merchandising do “remédio milagroso” em rede nacional de rádio e televisão, enas redes sociais, e em qualquer aparição.
Não é segredo para ninguém que a indústria farmacêutica usa, na maioria das vezes, métodos não recomendáveis para testar os seus medicamentos.
E seus cobais são sempre populações de paises do terceiro mundo.( Lembram do filme que aborda essa questão?).
Agora vamos ao ponto X da “estória “:
O laboratório americano que produz o tal remédio se chama Sanofi.
Quem vocês acham que é sócio desse laboratório?
Donald Trump! Isso mesmo o presidente dos Estados Unidos. O grande capitalista Donald Trump.
Ontem, a mídia divulgou, o Sr. Donald Trump telefonou para o seu capacho Jair Messias Bolsonaro para saber dos resultados do uso da Cloroquina no Brasil.
Se em Nova York está morrendo gente feito moscas infectadas com o Covid-19, não seria mais lógico que o laboratório americano testasse a Clorofina lá mesmo?
Por que não está fazendo isso?
A resposta é simples: a lei americana é seríssima para casos de erros médicos, e de experiências da indústria farmacêuticas.
Então, se o laboratório do qual o Sr. Donald Trump é sócio pode ter a seu dispor, sem correr maiores riscos, a população infectada de um país sob o comando de um capacho, por que não
usá-la?
A única pergunta ainda não respondida em toda a sua extensão é:
Qual a verdadeira contrapartida de Bolsonaro e seus filhos nessa “negociata”?
Por trás de toda pressão para que o Mandetta se demita podem estar milhões de dólares.
Correcao: Cloroquina ou Hidroxicloroquina.
Quem tinha ministro capacitados era Lula e Dilma, a maioria ou estão presos ou respondendo processos