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26 de agosto de 2020

Depois que Raisa Agra chamou Damião Ramos de machista e o acusou de cortar suas falas durante as reuniões do Conselho de Cultura, lembrei de uma passagem que vivi no Governo de Ivan Bichara. Damião era o chefe de gabinete do secretário da Educação e eu, foca do jornal oficial, costumava perambular pelo Centro Administrativo a cata de notícias. Certa vez fui a Secretaria da Educação e, inadvertidamente, abri a porta do chefe de gabinete. Ali me deparei com aquela autoridade de porte superior a me dirigir um olhar fulminante. Fiquei pequeno na hora, do tamanho de um piolho. Fechei a porta e me mandei com vontade de nunca mais voltar.

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Pois a moça denuncia um comportamento parecido na carta que enviou ao governador pedindo pra sair do cargo de vice-presidente da Funesc. Carta longa, cheia de acusações, que transcrevo a seguir para o leitor dizer o que acha da atitude dessa bela jovem:

Entreguei hoje ao governador da Paraíba meu pedido de demissão da Vice-presidência da Fundação Espaço Cultural da Paraíba – Funesc. Fiquei o tanto que suportei, mas parece irreversível o viés autoritário, machista e conservador que o governo tomou, incompatível com as promessas feitas em 2018 à população e a quem trabalhou por sua eleição.

Há 11 anos trabalho com gestão pública de cultura na Paraíba, primeiro na Fundação Cultural de João Pessoa – Funjope, depois 8 anos na Secretaria de Estado da Cultura – Secult (que contribui na criação em 2011), e no início de 2019 fui convidada a assumir o cargo de Vice-presidente da Funesc. Nesse tempo, nunca sofri ou testemunhei o que está acontecendo agora.

Infelizmente a Secult vem tomando uma postura absurdamente autoritária contra a classe artística e os movimentos culturais. O secretário parece detestar o diálogo com a sociedade civil e não aceita críticas. Tentou, por exemplo, interromper as atividades do Conselho Estadual de Cultura, se recusando a convocar reuniões em 2020, a ponto de conselheirxs terem ido À JUSTIÇA, tornando o secretário réu do processo.

Sempre participei de gestões democráticas, abertas ao diálogo, que promoviam audiências públicas, conferências de cultura, caravanas pelo interior, conselhos ativos, mesmo que venham exatamente daí as mais duras críticas. A participação na gestão cultural não é opcional ao governo, mas um direito de cidadania. Qualquer gestão cultural que não promove participação social está condenada ao retrocesso.

Em diversas outras ocasiões testemunhei, sofri ou me foram confidenciados arroubos autoritários na gestão. Servidores da Secult passaram a me procurar em busca de oportunidades para deixar a secretaria, porque consideravam insuportável permanência no local. Em reuniões presenciei situações chocantes, tais como grosserias, interrupções bruscas, recusa do direito de fala, piadas de cunho machista, tons de perseguição, e outras ações que considero absurdas e que estão sendo agora normalizadas.

Manifestações tidas como “massa de manobra” política são, na verdade, as principais articulações pelas leis de emergência cultural, como também foram resistentes com a extinção do Ministério da Cultura em 2016.

Em meio a esta crise ficou conclusivo para mim o viés machista que tomou o governo. Eu era uma das poucas mulheres entre dirigentes dos órgãos de cultura, e mesmo assim não estava sendo chamada para reuniões internas por não aceitarem o contraditório. Converso há anos com lideranças de setores artísticos e afins e sempre me coloquei à disposição para contribuir com as mediações. Contudo, fui deixada de fora das decisões por homens que quiseram resolver sozinhos.

Por fim, os arranjos políticos que se anunciam para as eleições municipais sacramentam que não tem mais volta, o governo deu sua guinada e é definitiva. Elegemos um governo que se anunciou progressista mas que rapidamente se aprumou para o atraso conservador. Políticas públicas construídas na última década na PB, – não somente de cultura, mas também de juventude, gênero, diversidade, entre outras – são incompatíveis com esse viés, e na verdade já estão sendo, em algum grau, desmontadas.

A atuação da Funesc no último ano, quando dirigida por mulheres progressistas, foi uma ilha dentro do governo. Trabalhamos muito para dar continuidade ao que vinha sendo construído nos últimos anos e não deixar os artistas e trabalhadores da cultura abandonados diante de tantas frustrações e equívocos. Avançamos na democratização da gestão, no diálogo permanente, na realização de editais públicos, na valorização da diversidade. Saio consciente de que dei tudo de mim para evitar retrocessos.

Aos que estiveram comigo nesses últimos 11 anos de gestão pública cultural: a minha eterna gratidão pelos ensinamentos e partilhas. Um forte abraço em todxs das equipes da Secult e da Funesc em nome de Chico César, Lau Siqueira e Nézia Gomes. Também à Ricardo Coutinho por sempre me desafiar e confiar.

Força, sorte e resistência aos que permanecem.

Obrigada!
Raisa Agra

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Mais uma vez os queijos foram guardados, os canapés devolvidos à geladeira, o vinho retornado à adega e os foguetões sumariamente arquivados no depósito de trastes inúteis. Ricardo Coutinho continua elegível e tirando o sono daqueles que o querem fora da campanha para a Prefeitura de João Pessoa.

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O rapaz dessa empresa alvo da operação envolvendo figura altamente mais ou menos da república brasileira costumava realizar serviços para um determinado órgão à época dirigido por íntimo amigo que depois virou  parlamentar .

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E o G 11 findou. Aliás, nunca existiu.

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O candidato do prefeito Douglas Lucena à sua sucessão será Guga Aragão, sobrinho da ex-prefeita Marta Ramalho e do ex-deputado Ramalho Leite. Ramon Moreira será o vice. A chapa oficial terá pela frente uma pedreira chamada Matheus Bezerra, jovem – como jovens são os seus contendores – de muito prestígio e muita vontade de vencer.

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Lá em Princesa Ricardo Pereira, atual prefeito, é candidatíssimo à reeleição e seus adversários serão, pela ordem, Sidney Filho, do PSDB e Alan Moura, do DEM.

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Falar em candidatos, Nilvan sumiu do mapa.

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Outro silencioso é Julian Lemos.

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Estão só olhando de longe.

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Vendo o circo pegar fogo.

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Socorro Gadelha saiu do PV.

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Não vota em Edilma Freire.

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Clonaram a agenda telefônica de Felipe Leitão.

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Na volta dos clonadores, só escapa quem avôa.

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Pelo ar.

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3 Comentários

  • Reply Zé Bedeu 26 de agosto de 2020 at 06:33

    Em Bananeiras o favorito é Matheus Bezerra, mas eu vou com Cabo Jailson. Chega de fazer daqui uma capitania hereditária.

  • Reply Delfos 26 de agosto de 2020 at 07:59

    1. O Deltan Dallagnol estava certo: “Uma das razões da impunidade é a prescrição ”

    E o desembargador não foi beneficiado com a prescrição. Depois de 14 Procedimentos Disciplinares arquivados, foi “punido” pelo caso do guarda municipal de Santos: afastado do cargo, mas levando no bolso o salário. Um salário e tanto!
    Como não pode ser punido pelo mesmo crime, agora ele pode até repetir o mesmo comportamento. Ou não?

    2. O Guedes é mesmo um ” posto ipiranga” e quer acabar com:
    •as deduções do Imposto de Renda
    • a Farmácia Popular
    • a Tarifa Social de Energia

    Ele só não quer é taxar as grandes fortunas, e nem parar de beneficiar os bancos.

    Aliás, vem aí mais um novo banco: o Banco PagSeguro, da familia Frias. Donos da Folha, do UOL, e do PagSeguro.

    Como não consegue criar programas socias, o governo Bolsonaro sai trocando os nomes de programas criados pelos governos petistas:
    ●Minha Casa, Minha Vida virou Casa Verde e Amarela
    ●Mais Médicos virou Medicos pelo Brasil
    Agora o Bolsonaro quer copiar o PAC.

    Até o Trump acabou de copiar o PAA, com 1 bilhão de dólares, em sua busca desesperada pela reeleição.

    3. E os “Por Que” continuam:
    ● Por que o Wassef pagou o médico, do Hospital Einstein, que tratou o Queiroz, segundo o MP-RJ?

  • Reply Delfos 26 de agosto de 2020 at 12:14

    Do ministro Noronha, presidente do STJ, justificando a decisão dele a favor do Queiroz, em declarações à coluna Painel, da Folha:
    “Quantos estão sendo investigados por rachadinhas? E só um está preso?
    (….) Como o Queiroz atrapalharia a investigação se ele está em casa, se só pode falar com a familia, a quem ele pode atrapalhar?”

    Essas mesmas perguntas o Wassef poderia responder e explicaria os reais motivos pelos quais psgou médico para o Queiroz, e bancou hospedagem dele em São Paulo, Santos, e Itibaia.

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