Quem pensou que Flaviano Quinto entrou na disputa pela Prefeitura de Santa Rita para brincar, pensou errado. Ele apresentou ontem sua candidata a vice, a ex-deputada e ex-primeira dama Estefânia Maroja, esposa do saudoso Severino Maroja, ao lado de Marcus Odilon o maior prefeito daquele município. Imagine você: o herdeiro de Marcus Odilon disputando a Prefeitura com uma vice que é herdeira de Severino Maroja, ela própria uma líder inconteste na Várzea da Paraíba, não é coisa para quem está brincando.
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Hoje tem convenção em Cabedelo e Vitor Hugo anunciou isso ontem. Só que anunciou com um slogan que não é dele. “A Força do Trabalho” é de Ricardo Coutinho, todo mundo sabe disso. Aliás, todo mundo e a mulher de Seu Raimundo. É muita falta de criatividade.
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Quando os primeiros raios de sol apontavam na cabeceira do Morro da Cascavel, os tambores rufavam anunciando a chegada do novo dia. Era o 7 de Setembro começando e a cidade despertando ao som da alvorada dos meninos do Bom Conselho. E a corneta de Pedro Caboclo, altiva e afinada, entoava o dobrado do começo daquele que seria o dia mais festivo de Princesa.
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Os meninos sambudos que ainda não estudavam no Bom Conselho pulavam da cama e corriam para ver a banda marcial descer pela Rua Grande com Pedro Caboclo de maestro. Camilão e Antonio Gordão iam na frente, cada um levando o bombão que era “agredido” por duas enormes maçanetas de cabeças redondas. Atrás deles seguiam Antonio Lira no tarol, Tarcisio Henriques na caixa, Batista Campos no bombo, Bosco Fernandes também no bombo e outros cuja memória começa a esconder.
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Terminada a alvorada, a banda se recolhia e voltava mais tarde puxando o desfile. Os mais altos iam na cabeça carregando enormes bandeiras. Batista de Jericó, Zezinho de São José e Bartolomeu Maia eram os escalados para tão garbosa missão. Na frente deles, Ilva Maria fazia piruêtas como baliza da festa.
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Havia uma rivalidade enorme entre os alunos do Bom Conselho e as belas meninas da Escola Normal Monte Carmelo. Elas, as meninas, davam um show a partir da banda marcial, composta exclusivamente de garotas da alta sociedade local. Os do Bom Conselho, homens e mulheres, vestiam azul e branco. As meninas Carmelitas trajavam saias rodadas vermelhas e blusas brancas. Eram orientadas por Luiz Barreto e por João Mandu. Barreto usava um apito para comandar o desfile. Não havia corneta no Monte Carmelo.
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Houve uma briga num desses encontros e Camilão quebrou o pau do bombo na cabeça de uma moça. Foi o maior reboliço. Mas tudo terminou em paz, como sempre terminava na cidade de Princesa.
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Ah, não esquecer o desfile do Gama e Melo sob o comando do Cabo Brito, mais modesto porém tão garboso e vistoso quanto os do Bom Conselho e do Monte Carmelo.
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A guerra terminava ao meio dia e, ensarilhadas as armas, os guerreiros do Bom Conselho e do Monte Carmelo se encontravam para namorar. E o dia chegava ao fim entre beijos e promessas de amor eterno.
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Quem não namorava ia encher a cara de cachaça no Bar do Peixe de Maria do Ó às custas do professor Genésio Lima, diretor do Ginásio Nossa Senhora do Bom Conselho. Ali o professor tirava a toga de mestre e se misturava à juventude, permitindo excessos, porém reprimindo os desrespeitos, que jamais existiram.
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E à noite, como ninguém era de ferro, todos se reuniam no baile promovido pelo Clube Recreativo Princesense ao som de Manoel Marrocos e seu afinado conjunto. Ali, Antonio Gordão e Carlos Pata Choca disputavam palmo a palmo quem melhor dançava um bolero, que invariavelmente era o “Ai Moraria” de Angela Maria.
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Quando o rítmo mudava para o pinicado, todos paravam para ver o imbatível Antonio Lira, o maior dançador de gafieira da região.
5 Comentários
Eita, Tião velho de guerra. Você é surpreendente e descreveu com maestria e detalhes a passagem do Dia da Pátria na nossa Princesa Isabel. Eu estudei no Bom Conselho, desfilei nos dias 7 de setembro e frequentei todos esses lugares que você mencionou. Lembro de um ano que a Banda Marcial do Bom Conselho, tendo a frente o maestro Pedro Caboclo foi até o pequeno Distrito de Patos dos Irerês fazer um desfile. Viagem na carroceria de caminhão em estrada de barro. Lá no Pato, após o desfile, almoçamos na cada de Paiva. Fava verde, farofa na manteiga de garrafa, arroz, macarrão e galinha de capoeira. Sobremesa foi pinha. Muita pinha. Nunca esqueci aquele dia. Hoje, após a leitura desses seus escritos, fico aqui saudoso por um tempo que vivi na minha querida cidade de PRINCESA ISABEL-PB.
Sebastião Lucena, bom dia. Conheci aqui em Caruaru dois princesenses, sendo eles, Zé Medeiros, já falecido, tinha uma sapataria no mercado central de Caruaru e o engenheiro Nivaldo Carlos Diniz que trabalhei com ele na Compesa. O dr. Nivaldo aposentou e foi morar em Recife. Faz tempo. Não sei se é vivo. Aos sábados pela manhã nós sempre passávamos pela sapataria de Zé e eles falavam muito sobre Princesa para matar as saudades. Agora, lendo o que você escreveu sobre os desfiles de 7 de setembro, lembrei que eles recordavam desses eventos e dos clubes recreativos, sendo um dos pobres e o outro dos ricos. Nasci em Serra Talhada e nunca tive a oportunidade de conhecer Princesa Isabel. Mas, apesar dos meus 68 anos, ainda poderei conhecer. Resido em Caruaru, no Bairro Vassoural.
Tião – Esses colégios Bom Conselho e Monte Carmelo ainda existem ? Eram públicos ou particulares ? Gostei muito de ler sua matéria. Parabéns.
o bom conselho existe. É da cnec
O melhor evento do 7 de setembro foi, sem dúvidas, o pronunciamento do Lula, que encerrou agora.
Palavras de esperança para todos!