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As primeiras do dia

9 de fevereiro de 2021

Foto de José Alves

Perdi o sono, fui dormir tarde e acordei com aquela impressão de que o mundo está de pernas viradas. Todo dia e a toda hora, notícias de mortes, de gente se indo. Morre pobre e morre rico, as famílias choram, os amigos ficam tristes, os desfalques são enormes.

Ontem foi a vez de Zé Maranhão, o senador Zé, o homem que por três vezes governou a Paraíba, vitimado pela Covid que mata sem escolher condição social, cor ou raça.

Informam aqui que o velório e enterro de Maranhão será em Araruna, sua terra natal.

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O secretário Nonato Bandeira está em casa, se recuperando da Covid, que o visitou desde a semana passada e o fez dar entrada ontem na emergência do Hospital Nossa Senhora das Neves para uns reajustes de somenos importância, mas necessários.

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Até 1994 Zé Maranhão jamais disputara um cargo executivo. Fora deputado estadual, depois da anistia se elegeu federal e como federal ficou até ser convidado para companheiro de chapa de Antonio Mariz. Mariz se elegeu, mas governou pouco. Vitimado pelo câncer, delegou a Maranhão a tarefa de administrar o Estado e, com sua morte, Maranhão assumiu, se reelegeu e, em 2008, com a cassação de Cássio Cunha Lima, foi novamente governador.

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Como senador da República ficou 12 anos no Planalto e agora, com a sua morte, assume em definitivo a suplente Nilda Gondim, mãe do também senador Veneziano Vital do Rego.

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Claro que estamos tristes, mas Zé era também alegria. E para alegrar a tristeza da gente, vai aí contado um causo com Zé Maranhão, se é verdadeiro ou não , não importa, o importante é o causo em si.

Eleito governador, José Maranhão ficou assustado com os gastos que o estado tinha com o avião.

Piloto e conhecedor do assunto, o novo governador resolveu dar atenção ao assunto para economizar algo e reforçar as combalidas contas do erário estadual.

E conseguiu, acompanhando pessoalmente os consertos da aeronave, cortar até 80% das despesas com o avião do estado.

A sua assessoria de comunicação deu visibilidade ao feito e a imprensa local e mesmo nacional deu manchetes sobre o caso, reforçando o lado austero de José Maranhão.

Quem também tentou pegar carona no feito foram os bajuladores, que cumprimentavam o governador sempre associando-o ao tema aeronáutico.

Certa feita, visitando o sertão paraibano, o governador era recebido por várias autoridades e os comícios se sucederam. Um bêbado a tudo assistia

Os oradores se revezaram no microfone e cada um enaltecia os feitos do governador:

– Governador José Maranhão, o senhor é um verdadeiro Santos Dumont da aviação.

Um outro gritou:

– Governador, o senhor é um verdadeiro falcão voador.

Um terceiro pontificou:

– Meu nobre governador José Maranhão, o senhor é um verdadeiro condor dos ares.

Um outro:

– Governador, o senhor é a asa-branca deste sertão.

Sem se conter, o bêbado sentenciou:

– Governador, o senhor é mais que um maranhão… o senhor é um verdadeiro carai-de-asa!

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O prefeito de Princesa, Ricardo Pereira, decretou luto oficial no município pela morte do senador Zé Maranhão.

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Maranhão foi votado em Princesa, a primeira vez, pelo grupo rebelde comandado por Paulo Mariano, Dida Bezerra, Beto Patriota e Italo Kumamoto. Foi em 1982 e Zé fez dobradinha com Jório Machado.

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O tempo passou, Zé governador do Estado, encontra Paulo Mariano numa solenidade. Os cumprimentos aconteceram, Zé perguntou se Paulo precisava de alguma coisa e o guerrilheiro disse que precisava ser transferido para João Pessoa, onde os filhos iriam estudar.

Dias depois chegou a transferência. Paulo era funcionário da Cagepa.

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O prefeito de Condado renunciou porque ficou depressivo depois de lutar contra a Covid.

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E até mais tarde, se o mardito deixar.

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3 Comentários

  • Reply Jose Rodrigues 9 de fevereiro de 2021 at 06:37

    José Targino Maranhão um dos homens honesto que o brasil ja teve como politico, foi-se uma lenda, dificil emcontrar outro.

  • Reply Gustavo P. 9 de fevereiro de 2021 at 07:25

    “Morre pobre, morre rico”, “não escolhe condição social, raça…”. Falou besteira. Morre muito mais pobres, negros pobres, pobres negros, brancos pobres. Os determinantes sociais estão mandando nessa COVID e os raciais a reboque. Zé Maranhão era idoso, o que é outro determinante. Só faltou vc falar em idade. E mais: Bolsonaro entegou ao diabo essas pessoas pobres. Enquanto os ricos vão se tratar em SP
    Dada a correção, que choque para a política paraibana.

  • Reply OSCAR 9 de fevereiro de 2021 at 10:36

    O momento não permite piada de mau gosto. Você parece que não tem juízo. Não é momento para divulgar piada que sequer tem certeza que aconteceu. ” o senhor é um verdadeiro …”. Garanto que ninguém sorriu com essa barbárie. Vai rezar, rapaz !!!

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