Foto de José Alves
Perdi o sono, fui dormir tarde e acordei com aquela impressão de que o mundo está de pernas viradas. Todo dia e a toda hora, notícias de mortes, de gente se indo. Morre pobre e morre rico, as famílias choram, os amigos ficam tristes, os desfalques são enormes.
Ontem foi a vez de Zé Maranhão, o senador Zé, o homem que por três vezes governou a Paraíba, vitimado pela Covid que mata sem escolher condição social, cor ou raça.
Informam aqui que o velório e enterro de Maranhão será em Araruna, sua terra natal.
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O secretário Nonato Bandeira está em casa, se recuperando da Covid, que o visitou desde a semana passada e o fez dar entrada ontem na emergência do Hospital Nossa Senhora das Neves para uns reajustes de somenos importância, mas necessários.
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Até 1994 Zé Maranhão jamais disputara um cargo executivo. Fora deputado estadual, depois da anistia se elegeu federal e como federal ficou até ser convidado para companheiro de chapa de Antonio Mariz. Mariz se elegeu, mas governou pouco. Vitimado pelo câncer, delegou a Maranhão a tarefa de administrar o Estado e, com sua morte, Maranhão assumiu, se reelegeu e, em 2008, com a cassação de Cássio Cunha Lima, foi novamente governador.
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Como senador da República ficou 12 anos no Planalto e agora, com a sua morte, assume em definitivo a suplente Nilda Gondim, mãe do também senador Veneziano Vital do Rego.
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Claro que estamos tristes, mas Zé era também alegria. E para alegrar a tristeza da gente, vai aí contado um causo com Zé Maranhão, se é verdadeiro ou não , não importa, o importante é o causo em si.
Eleito governador, José Maranhão ficou assustado com os gastos que o estado tinha com o avião.
Piloto e conhecedor do assunto, o novo governador resolveu dar atenção ao assunto para economizar algo e reforçar as combalidas contas do erário estadual.
E conseguiu, acompanhando pessoalmente os consertos da aeronave, cortar até 80% das despesas com o avião do estado.
A sua assessoria de comunicação deu visibilidade ao feito e a imprensa local e mesmo nacional deu manchetes sobre o caso, reforçando o lado austero de José Maranhão.
Quem também tentou pegar carona no feito foram os bajuladores, que cumprimentavam o governador sempre associando-o ao tema aeronáutico.
Certa feita, visitando o sertão paraibano, o governador era recebido por várias autoridades e os comícios se sucederam. Um bêbado a tudo assistia
Os oradores se revezaram no microfone e cada um enaltecia os feitos do governador:
– Governador José Maranhão, o senhor é um verdadeiro Santos Dumont da aviação.
Um outro gritou:
– Governador, o senhor é um verdadeiro falcão voador.
Um terceiro pontificou:
– Meu nobre governador José Maranhão, o senhor é um verdadeiro condor dos ares.
Um outro:
– Governador, o senhor é a asa-branca deste sertão.
Sem se conter, o bêbado sentenciou:
– Governador, o senhor é mais que um maranhão… o senhor é um verdadeiro carai-de-asa!
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O prefeito de Princesa, Ricardo Pereira, decretou luto oficial no município pela morte do senador Zé Maranhão.
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Maranhão foi votado em Princesa, a primeira vez, pelo grupo rebelde comandado por Paulo Mariano, Dida Bezerra, Beto Patriota e Italo Kumamoto. Foi em 1982 e Zé fez dobradinha com Jório Machado.
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O tempo passou, Zé governador do Estado, encontra Paulo Mariano numa solenidade. Os cumprimentos aconteceram, Zé perguntou se Paulo precisava de alguma coisa e o guerrilheiro disse que precisava ser transferido para João Pessoa, onde os filhos iriam estudar.
Dias depois chegou a transferência. Paulo era funcionário da Cagepa.
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O prefeito de Condado renunciou porque ficou depressivo depois de lutar contra a Covid.
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E até mais tarde, se o mardito deixar.
3 Comentários
José Targino Maranhão um dos homens honesto que o brasil ja teve como politico, foi-se uma lenda, dificil emcontrar outro.
“Morre pobre, morre rico”, “não escolhe condição social, raça…”. Falou besteira. Morre muito mais pobres, negros pobres, pobres negros, brancos pobres. Os determinantes sociais estão mandando nessa COVID e os raciais a reboque. Zé Maranhão era idoso, o que é outro determinante. Só faltou vc falar em idade. E mais: Bolsonaro entegou ao diabo essas pessoas pobres. Enquanto os ricos vão se tratar em SP
Dada a correção, que choque para a política paraibana.
O momento não permite piada de mau gosto. Você parece que não tem juízo. Não é momento para divulgar piada que sequer tem certeza que aconteceu. ” o senhor é um verdadeiro …”. Garanto que ninguém sorriu com essa barbárie. Vai rezar, rapaz !!!