As primeiras do dia

Meus caros e minhas caras, cá tô eu de volta nesta manhã varonil de sexta-feira botando conversa aqui na tela para desafogar o peito contrito, trancado e amargurado diante de mais uma sexta-feira sem idas e vindas ao Bar de João, onde costumeiramente trocava meia dúzia de palavras com o incomparável Dudu do Manaíra, com o próprio João, com figuras outras que por lá apareciam e já começam a aparecer de novo, todos movidos pelo dever cívico de engolir umas lapadas e assim substituir a tristeza do dia a dia pela euforia dos bêbados.

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Nesse diapasão solitário, resta a mente a fabricar pensamentos, uns bons e outros ruins, sendo que os ruins conseguem superar os bons e, superando, deixam dentro de nós sentimentos nada republicanos, incertezas quanto ao futuro que virá, um medo danado ver o dia amanhecer e nos depararmos não com o canto do sabiá na copa do cajueiro plantado ali na frente, mas com os homens armados de fuzis e baionetas a nos impor um modo de vida ainda pior do que este vigiado pelo Covid 19.

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Eu vi um presidente dizer, em rede nacional, que está cagando para uma Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado Federal. Se o presidente caga pra CPI, o cidadão comum vai se achar no direito de cagar para o juiz, para o promotor, para o tribunal e para o ministro do Supremo.

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É a ordem das coisas: cada liderado segue o exemplo do líder, mesmo sendo um líder inconsequente, desobediente, que dá coice nos outros e que não está nem aí para o que chamamos de democracia e liberdade.

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Um Governo que joga seus comandantes militares ao confronto, obriga-os a desafiar o Poder Legislativo em nome de uma afronta que só existiu na mente subserviente de quem tem preguiça de ler o que está escrito e emprenha pelos ouvidos.

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Por isso o medo, a incerteza, a saudade dos tempos de antanho e a falta que faz o Bar de João nas sextas-feiras de inesquecíveis tertúlias.

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Mas vamos pra frente que atrás vem gente e se gente não vier pior ainda, pois onde falta gente sobra cobra, escorpião, sapo cururu, rato de esgoto e gente ruim.

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Anuncia-se para agosto a visita de Lula à Paraíba. E Lula chega debaixo de um cenário bem diferente daquele com o qual ele conviveu durante anos num quarto de prisão de Curitiba, onde só lhe chegava aos olhos as presenças de gente que não tinha medo de “puliça” e de perder as benesses do Governo de plantão.

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Agora não será do mesmo jeito. Lula está livre, lidera com folga as pesquisas para presidente da república, tem chances reais de voltar ao Palácio e tais perspectivas obram o milagre de arrebanhar multidões de ex-desafetos ávidos pelo poder e pelo que o poder proporciona.

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Se antes Lula só encontrava na Paraíba os braços magros de Ricardo Coutinho, a barba cor de neve de Luiz Couto, os discursos inconformados de Frei Anastácio, o grito de guerra de Jackson Macedo, o destemor de Cida Ramos, a coragem de Estela Bezerra e a fidelidade canina de Jeová Campos, agora lhe esperam de braços arreganhados e sorrisos de hienas famintas aqueles mesmos que lhe viraram as costas, lhe chamaram de ladrão e cassaram a sua amiga fiel Dilma Roussef.

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É a roda que gira, o mundo que vai sem lembrar do mundo que ficou.

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Mas dizem que quem dá esquece e  quem apanha lembra para a eternidade. Sendo assim, pode ser que a coisa seja diferente e aos oportunistas seja reservado o espaço que lhes cabe: o sereno das ruas, o frio das noites escuras e o arquivo mofado.

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No meio de tanta ruindade, uma notícia boa: Ontem registraram-se apenas 9 mortes por Covid. As vacinas estão funcionando e quem ainda não se vacinou entre na fila e não vá na onda desses malandros que os aconselham a negar a verdade em nome de uma sede por sangue própria dos morcegos chupadores que de dia se escondem nas cavernas e à noite saem para chupar as veias dos bichos brutos.

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Pela primeira vez estou disposto a sufragar uma chapa da situação na eleição da OAB.

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Disposto e consciente.

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Inté.